terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Convenção 158,uma luta de tod@s trabalhadores(as)


Convenção 158 e democracia

Os efeitos positivos desta convenção da OIT para a qualidade do emprego e das relações de trabalho ainda podem ser recuperados. Desde que a pressão da sociedade sobre o Congresso seja mais forte que a da velha guarda patronal

Por: Giorgio Romano Schutte
Fonte:carta capital

A Constituição de 1988 define que a relação de emprego é “protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa... nos termos da lei complementar”. Ou seja, sem a referida lei essa proteção torna-se uma letra morta. Décadas atrás o neoliberalismo argumentava que a maior “flexibilidade” das regras é que proporcionaria mais trabalho e renda. No entanto, os mesmos que com suas políticas fizeram o desemprego disparar nos anos 1990 agora tentam convencer a sociedade de que um modesto e pequeno passo para superar a demissão imotivada, com a ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), seria um “atraso”.
A Convenção 158 não proíbe a demissão, apenas reduz o poder autoritário do empregador na relação trabalhista e estimula uma cultura de negociação no local de trabalho. Uma vez em vigor, as demissões precisarão ter justificativas, que podem ser problemas econômicos, tecnológicos, estruturais ou semelhantes, mas, nesses casos, o processo precisa ser informado e discutido com os representantes dos trabalhadores.
O Brasil é um dos países com o mercado de trabalho mais flexível no mundo, basta olhar a alta rotatividade: demissão e admissão é a regra do jogo. Quando recebemos a boa notícia de que foi criado 1 milhão de empregos, entenda-se que 10 milhões de trabalhadores foram contratados e 9 milhões, dispensados. E não é necessário amplo conhecimento das relações sindicais para entender o quanto isso enfraquece o poder de negociação dos empregados. Essa distorção gera a “justiça da despedida”, em vez de Justiça do Trabalho, pois quando não há canais democráticos para reivindicar os direitos no dia-a-dia, como horas extras não pagas ou ambientes inadequados, o trabalhador espera o seu desligamento para recorrer à Justiça.
O Congresso Nacional havia aprovado a Convenção 158 da OIT em setembro de 1992. Mas, por se tratar de um assunto que provocou pouco interesse na época, demorou até abril de 1996 para que entrasse em vigor. Foi quando FHC promulgou sua ratificação. Traduzindo: a maior autoridade do Poder Executivo, por meio do Decreto nº 1.855, assinou embaixo da convenção para que ela passasse a ter validade no Brasil.
Quando os sindicatos começaram a basear argumentos e pleitos nos termos da Convenção, a reação empresarial foi enérgica. Por isso, em um ato inacreditável, sete meses depois, FHC denunciou (revogou a ratificação) do mesmo instrumento, para evitar que os recursos judiciais da classe patronal chegassem ao Supremo Tribunal Federal e este desse razão ao trabalhador. Vejam o argumento usado na época: a Constituição estabelece que o artigo 7º deve ser regulamentado por lei complementar. Não sendo a convenção uma lei complementar, esta seria inconstitucional, mesmo na inexistência da tal lei complementar que contemplasse o que a Carta Magna manda fazer.
Há mais de dez anos se aguarda uma decisão do STF a respeito da legalidade de um presidente cancelar um tratado internacional – no caso a Convenção 158 da OIT – sem autorização do Congresso.
Em seu primeiro mandato, o presidente Lula tentou fazer uma grande reforma, mas acabou avançando pouco na área. Assim, tomou-se no seu segundo mandato a sábia iniciativa de reapresentar a Convenção 158 da OIT ao Congresso Nacional, em fevereiro último, para que seja aprovada pela segunda vez, após 16 anos, sem que os deputados jamais a tenham denunciado. Mas a re-ratificação da Convenção 158 foi rejeitada pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara no mês de julho.
O resultado da votação foi comemorado pelo lobby das entidades patronais, que operou dia e noite. Contudo, o tema não se esgota aqui, pois o assunto entra agora na pauta do Plenário. A velha guarda patronal se mobiliza, usando argumentos modernos, para manter um dos símbolos do atraso do capitalismo brasileiro: a demissão imotivada

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Bibliotecas para a Peãozada!

ABC Paulista ganha 25 novas minibibliotecas para estimular leitura de metalúrgicos
Por:Marli Moreira
Da Agência Brasil em São Paulo
Trabalhadores de montadoras e de outras fábricas do setor metalúrgico de seis municípios da região do ABC Paulista vão ter mais acesso aos livros por meio da instalação de 25 novos pontos de Leitura nas fábricas, que fazem parte do Programa Mais Cultura do Ministério da Cultura (MinC). Com essa iniciativa, lançada na manhã de hoje (15), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, o número de novas minibibliotecas nessa região será ampliado para 35.Atualmente, já existem dez unidades em Diadema, onde serão instalados mais quatro. As demais serão distribuídas da seguinte forma: quatro em Mauá; duas em Ribeirão Pires; uma em Rio Grande da Serra; quatro em Santo André e dez em São Bernardo do Campo.A expectativa é multiplicar o número de leitores, facilitando também o acesso aos familiares dos trabalhadores, esclareceu o diretor de Livro, Leitura e Literatura do MinC, Fabiano dos Santos Piúba. Ele disse que os exemplares poderão ser levados para casa por meio de empréstimos. Entre as opções estão desde os clássicos da literatura nacional e estrangeira às edições contemporâneas.Além dos cerca de 650 livros, em cada Ponto de Leitura, haverá computadores, impressora e pufes. O investimento foi de cerca de R$ 700 mil. Segundo Piúba, já foram instalados cerca de 600 unidades em todo o país e 720 estão em fase de implantação.“O livro é um bem pouco presente no imaginário de consumo do brasileiro, ficando atrás das TVs, geladeira e carros, principalmente, nas classes C, D e E”, observou ele, com base na pesquisa Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro, uma Organização Social Civil de Interesse Público (Oscip).Levantamento feito em 2007 por essa organização indicou que quase metade dos consultados (48%) não tinha lido nenhum livro nos três meses anteriores à pesquisa. Entre os que se declararam não leitores, a maioria (15%) tinha idade entre 30 e 39 anos.Para destacar a importância da leitura, Piúba lembrou a metáfora, feita pelo ex-ministro Gilberto Gil na época do lançamento do Programa Mais Cultura: “Esse tipo de cultura é uma espécie de do-in antropológico que leva à inclusão social, à cidadania e à transformação”.Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, essa é mais uma chance de propiciar o crescimento pessoal dos trabalhadores, dos filhos deles e de familiares. “Eles serão estimulados a pegar um livro e isso vai ajudar para que o Brasil deixe de ser um país onde as pessoas leem, em média, menos de dois livros por ano.” O líder sindical informou que só na fábrica da Mercedes Benz serão instalados cinco pontos de leitura.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Arroz,feijão,batata e macarrão.....


Brasileiro bebe mais refrigerante e come menos arroz e feijão

Da Agência Brasil /Sítio do MST

O brasileiro está comprando menos arroz e feijão. A aquisição média anual per capita dos produtos, tradicionais na alimentação nacional, teve queda entre os anos de 2003 e 2009. O indicador, lançado nesta quinta (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mede a quantidade de um produto adquirido em um ano por uma família, dividido pelo número de pessoas que a compõem.
O arroz caiu 40,5%, tendo passado da média de 24,5 para 14,6 quilos por pessoa ao longo de um ano. Já o feijão, teve redução de 26,4%, passando de 12,4 para 9,1 quilos. A aquisição de açúcar refinado também diminuiu 48,3% (de 6,1 para 3,2 quilos) no período.
Por outro lado, houve aumento na compra de refrigerante de cola (39,3%, de 9,1 para 12,7 quilos), água mineral (27,5%, de 10,9 para 13,9 quilos) e cerveja (23,2%, de 4,6 para 5,6 quilos).
Os dados fazem parte do suplemento Aquisição Domiciliar per Capita, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009. O levantamento avalia as quantidades de alimentos adquiridas pelas famílias brasileiras para consumo domiciliar e as formas dessa aquisição.
O levantamento revela que o arroz e o feijão também perderam participação relativa entre os itens tradicionais na composição do total médio diário de calorias consumido pelo brasileiro. No caso do arroz, a contribuição passou de 17,4% para 16,2%; já o feijão reduziu sua participação no prato do brasileiro de 6,6% para 5,4%.
O mesmo movimento foi observado na farinha de mandioca (de 4,9% para 3,9%). Por outro lado, aumentou a proporção de comidas industrializadas, como pães (de 5,7% para 6,4%), embutidos (de 1,78% para 2,2%), biscoitos (de 3,1% para 3,4%), refrigerantes (de 1,5% para 1,8%) e refeições prontas (de 3,3% para 4,6%).
De acordo com a nutricionista clínica Vânia Barberan, membro da Associação de Nutrição do Estado do Rio de Janeiro, o problema do consumo excessivo de produtos industrializados está diretamente relacionado à maior ingestão de açúcares e gorduras.
“Há todo um mito de que o arroz engorda, então muita gente deixa o prato de lado e acaba substituindo por outros alimentos que engordam muito mais. Com isso, a associação arroz e feijão é desfeita e o brasileiro acaba comendo menos feijão também, já que não tem o hábito de ingerir o alimento puro ou com pão, por exemplo”, explicou.
Saudáveis
Segundo Vânia Barberan, a dupla é ideal para uma grande refeição, acrescida de uma fonte de proteína, verduras e legumes.
“A dupla [arroz e feijão] é parte do prato ideal, porque é rico em ferro, em proteína e tem aporte calórico bom para uma grande refeição”, acrescentou.
Ainda de acordo com o levantamento, em 2009 tiveram destaque na aquisição domiciliar per capita em todo o país as bebidas e infusões, (50,7 quilos); laticínios (43,7 quilos); cereais e leguminosas (39,0 quilos); frutas (28,9 quilos); hortaliças (27,1 quilos) e carnes (25,4 quilos).
Na área urbana, a aquisição foi maior (55,2 quilos) do que a média nacional para bebidas e infusões. Na área rural, foi bem menor (28,9 quilos). O mesmo ocorreu com as frutas, que registraram média de 30,3 quilos na área urbana e de 21,9 quilos na rural. Já em relação aos cereais de leguminosas (34,1 quilos na área urbano e 62,5 quilos na rural) e às carnes (24,6 quilos na urbana e 29,6 quilos na rural), a situação se inverteu.
Entre as regiões, a Sul se destacou na média de aquisição de carnes (35,7 quilos), laticínios (67,4 quilos), bebidas e infusões (64,1 quilos), hortaliças (38,6 quilos), frutas (36,5 quilos) e alimentos preparados e misturas industriais (4,8 quilos). Já a Centro-Oeste e a Nordeste tiveram as maiores médias para cereais e leguminosas (50,2 quilos e 43,6 quilos, respectivamente).
A forma de aquisição de alimentos mais usada em todo o país foi a monetária, mesmo na área rural onde a aquisição não monetária só foi maior nos grupos de laticínios (26,1 quilos contra 17,3 quilos, uma diferença de 51%) e pescados (3,9 quilos contra 3,7 quilos, diferença de 5,4%).
Ainda de acordo com a pesquisa, os alimentos adquiridos para consumo no domicílio constituíam, no período da pesquisa, 68,9% da despesa média mensal familiar com alimentação, contra 75,9% registrados no levantamento relativo aos anos de 2002-2003, indicando uma mudança nos gastos com alimentação em domicílio.