sábado, 3 de novembro de 2012

Primeiro emprego,cuidado!






As armadilhas do McDonald's

Atraídos pela chance do primeiro emprego, milhares de jovens brasileiros procuram a rede de restaurantes fast food McDonald´s para trabalhar. Eles buscam a oportunidade de iniciar a vida profissional e conquistar independência financeira. No entanto, pela pouca maturidade e falta de experiência, esses jovens se veem submetidos a condições irregulares de trabalho e têm usurpados seus direitos básicos.

Michelle Amaral
“O McDonald´s tem essa imagem do primeiro emprego, [na contratação] eles passam uma coisa totalmente diferente do que é”, afirma Tatiana, que ingressou na rede de fast food com 16 anos e lá viveu uma das piores experiências de sua vida, que lhe traz consequências até hoje.
Aos 18 anos, Tatiana escorregou no refrigerante que havia escorrido de uma lixeira quebrada, caiu e sofreu uma séria lesão no joelho. Com fortes dores, a jovem foi levada para o gerente da loja. “Ele falou: ‘passa um Gelol e põe uma faixinha que sara’”, relata. Era final de ano, o restaurante estava lotado e Tatiana foi orientada a continuar trabalhando até o final do expediente. Após dois dias, sem conseguir andar, Tatiana procurou o médico, que diagnosticou o rompimento da rótula de seu joelho direito e indicou a necessidade de uma cirurgia.

Segundo ela, ao procurar o McDonald´s para informar as consequências da queda, nada foi feito pela empresa que, inclusive, se negou a emitir um Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT). “Eu fui ao INSS e perguntei como podia fazer esse CAT. Me deram o papel e mandaram eu ir até o McDonald´s”, conta a jovem, que afirma ter sido orientada pelo gerente a não informar a data correta do acidente para que não resultasse em multa para a loja. Ela ainda denuncia que a gerência sabia do defeito na lixeira, mas não a consertou para evitar gastos, resultando em seu acidente.

De lá para cá, a trabalhadora viveu sob intenso tratamento médico e teve que procurar reabilitação profissional por meios próprios, já que não podia exercer as mesmas funções e o McDonald´s se recusou a adaptá-la em outra área da empresa. Ela se formou em Direito e realizou estágio em um escritório de advocacia. Com isso, após 11 anos do acidente, Tatiana conseguiu a carta que a declara ser pessoa portadora de deficiência física e dá o reconhecimento de sua reabilitação pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Hoje, aos 34 anos, Tatiana anda com o auxílio de uma muleta. Já passou por três cirurgias e necessita, ainda, realizar mais uma. No entanto, em março deste ano, ao tentar passar por uma consulta médica para agendar o procedimento, a trabalhadora foi informada do cancelamento de seu plano de saúde. O motivo foi a conclusão em janeiro da rescisão indireta do McDonald´s, solicitada pela trabalhadora em 2009. “O McDonald´s deveria ter comunicado ela [sobre o cancelamento da assistência médica], porque a lei diz isso, mas não comunicou, simplesmente cancelou”, protesta Patrícia Fratelli, advogada da trabalhadora.

De acordo com a Lei nº 9.656 de 1998, regulamentada pela Resolução Normativa nº 279 da Agência Nacional de Saúde (ANS), no caso de rescisão do vínculo empregatício é assegurado ao trabalhador “o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral”. “Eu tinha condição de pagar o meu convênio, o McDonald´s tinha que ter me dado essa opção, porque agora perdi a carência e nenhum convênio vai me aceitar”, desabafa Tatiana, que há quase 16 anos enfrenta uma batalha judicial contra o McDonald´s para ter seu dano reparado. 

Armadilha 
O caso de Tatiana não é isolado. Tramitam na Justiça do Trabalho na cidade de São Paulo e região metropolitana 1.790 ações contra o McDonald´s e a Arcos Dourados Comércio de Alimentos Ltda., franqueadora master da multinacional no Brasil e na América Latina. Somente na capital paulista são 1.133 demandas judiciais ativas por conta das irregularidades trabalhistas e o tratamento inadequado dado pela empresa aos seus funcionários, conforme levantamento feito junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região.

Entre as falhas cometidas pelo McDonald´s estão o pagamento de remunerações abaixo do salário mínimo, utilização de jornada de trabalho ilegal, falta de comunicação dos acidentes de trabalho, fornecimento de alimentação inadequada, não concessão de intervalo intrajornada, ausência de condições mínimas de conforto para os trabalhadores, prolongamento da jornada de trabalho além do permitido por lei, assédio moral e sexual. Além disso, existem denúncias de jovens que trabalharam sem serem remunerados (leia matéria, clique aqui).

No Brasil, o McDonald´s emprega hoje 48 mil funcionários, de acordo com informações publicadas em seu site. Destes, 67% têm menos de 21 anos e 89% tiveram na rede de fast food a primeira oportunidade de emprego formal. Questionado pela reportagem sobre os processos movidos contra ele, o McDonald´s disse que “não comenta processos sub judice”.

Para Rodrigo Rodrigues, advogado do Sindicato dos Empregados em Hospedagem e Gastronomia de São Paulo e Região (Sinthoresp), a oferta do primeiro emprego a esses jovens é pensada pelo McDonald´s a fim criar nesses trabalhadores o sentimento de submissão incondicional, em que o contratado acata tudo o que lhe é imposto, pela gratidão da oportunidade de trabalho. “A pessoa fica com receio de se indispor contra o tratamento que é dado na empresa. Isso é sutilmente pensado para que se chegue a essas finalidades”, alega.

A mesma avaliação é feita pelo procurador Rafael Dias Marques, coordenador nacional da Coordenadoria de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância) do Ministério Público do Trabalho (MPT). Segundo ele, a necessidade do primeiro emprego e a vontade de começar a vida profissional são vistas por alguns empregadores como uma possibilidade de fraudar direitos que são garantidos a esses trabalhadores por lei. “Muitas empresas preferem contratar os mais jovens para evitar problemas trabalhistas, para torná-los uma massa de manobra mais fácil para executar [o trabalho] sem direitos trabalhistas, sem qualquer questionamento ou um questionamento mais brando”, afirma.

O procurador explica, ainda, que a pouca maturidade torna a contratação desses jovens vantajosa para essas empresas. “São pessoas que, por ainda serem jovens, não tem o senso crítico do questionamento e de resistir a determinadas situações de lesões de direitos”, analisa.

Garantia de direitos 
O advogado do Sinthoresp lembra que o jovem tem que ser visto como um ser em transformação, que necessita de cuidados que lhe assegurem uma boa formação para a vida. “O trabalho é uma condição necessária, mas deve ser implementado aos poucos, não pode ser do jeito que está, coloca o jovem lá e vamos ver o que vai dar”, pondera Rodrigues. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) permite a contratação de adolescentes a partir de 14 anos, na condição de aprendiz, e de 16 anos para o trabalho normal. No entanto, o estatuto estabelece que a eles deve ser observado “o respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”.

Desta forma, Marques ressalta que a atividade profissional não pode ser prejudicial ao desenvolvimento físico e social destes adolescentes e jovens, seguindo o que estabelece o Decreto nº 6.481/2008. “Eles são pessoas peculiares em desenvolvimento, em fase de formação, por isso que o trabalho nessa fase da vida tem que ser diferenciado”, analisa.

O procurador alerta que, se não observados os cuidados com esses jovens, o trabalho pode lhes causar danos irreversíveis para a vida adulta. “O risco de lesão à saúde por uma situação do trabalho é muito mais evidente nessa parte da população, porque ainda que está em formação biológica”, observa. Segundo ele, “uma doença do trabalho nessa fase da vida é mais suscetível a ter continuidade, inclusive de levar ao quadro da invalidez”.

Foi o que aconteceu com Tatiana. Com o acidente ocasionado por uma negligência da empresa, teve sua vida completamente mudada. “ Tive que parar a minha vida. Fiquei um tempo sem estudar. Queria fazer enfermagem e o médico falou que eu nunca poderia ser enfermeira, porque não podia ficar em pé”, conta.


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Spider,contra as injustiças e as desigualdades!

O maior nome do MMA na atualidade é um sujeito calmo, tem voz serena (que lhe rende algumas piadas, mas ele jura que leva todas na esportiva), usa óculos no dia a dia e odeia - mas odeia mesmo - qualquer tipo de violência. Fora do octógono, é claro.

Dentro do ringue, Anderson Silva é Spider, o Aranha, um mito. Aos 37 anos, este paulistano de infância pobre sabe muito bem o quanto lhe custou ser o que é. Mas quer mais: sonha ser exemplo para crianças e jovens do Brasil. 

Silva cresceu em Curitiba, criado pelos tios, em uma família de policiais militares. Vem daí, ele mesmo diz, um pouco de seu amor pela ordem e o cumprimento de regras. E muito de sua indignação com "as coisas erradas que a gente vê por aí".

Depois de se aposentar? "Quero ser ator de filmes de ação". Com cinco filhos no cartel, além de nocautes arrasadores, só mesmo o cinema para dar vazão a um personagem cuja história tem todos os ingredientes de um blockbuster.

O Spider conversou com a coluna no hotel Emiliano, em SP, pouco antes de lançar a segunda edição de sua autobiografia (atualizada com o massacre imposto a Chael Sonnen, seu rival mais falastrão).

A seguir, os melhores momentos do bate-papo com o homem que é, nas palavras de seu ídolo, Bruce Lee, tão adaptável "como água".

Você tem um estilo favorito?
Anderson Silva - Olha, eu costumo dedicar a todos os tipos de luta o mesmo amor, a mesma dedicação. Treino boxe, jiu-jitsu, capoeira (que foi a modalidade em que eu comecei), tae-kwondo e muay thai (que é meu carro-chefe). Também gosto de judô, porque me dá paz e ajuda a me defender caso eu sofra alguma queda no octógono. Respeito todas as modalidades, inclusive as que eu não treino.

E como é o seu treinamento? Muito intenso?
Anderson Silva -  Em época de competição, o treino começa às 9h e vai até as 10h30. Aí tem outro, do meio-dia às 14h. E mais um às 18h. Depois, fisioterapia. Isso no começo, porque são quatro meses de preparação para um combate. Quando a competição se aproxima, muda um pouco. Com treinos específicos, treinos com sparring, academia, condicionamento físico.

E a alimentação?
Anderson Silva -  Em época de competição, a dieta é um pouco mais rígida - porque eu preciso baixar de peso. Geralmente, corto sal, corto açúcar, evito muito carboidrato. É um trabalho de equipe. O Miguel Vieira, meu nutricionista, vem fazendo um trabalho fantástico comigo, junto com a dra. Ângela Côrtes, minha fisioterapeuta, o dr. Rogério Camões, meu preparador físico, e o dr. Márcio Tannure, meu fisiologista. Tudo para que eu possa bater nos 84 quilos sem problema nenhum, sem perder massa, sem fadiga, sem lesões.

Você está com 37 anos...
Anderson Silva -  Mas com corpinho de 20.

Existe uma idade em que o lutador começa a mudar suas características no octógono?
Anderson Silva -  Ah, claro. Porque existe um negócio chamado responsabilidade. A partir do momento em que você passa a ter o que perder, também começa a ponderar mais. Quando eu comecei, tentava coisas incríveis nas lutas, na base do "se der certo, ótimo; se não der..." Isso fica mais difícil com a idade. Quando era mais garoto, cheguei a tirar golpes de programas de TV e cenas de cinema e levar para as minhas lutas. Arrisquei golpes de videogame, de Bruce Lee, de Sawamu. 

E eles deram certo?
Anderson Silva -  Graças a Deus, a maioria deu certo, sim. Hoje não faço mais isso. Claro que existe o talento, mas o mais importante é ponderar, ter responsabilidade. Com a idade, você vai percebendo que há algumas coisas que você não pode mais arriscar.

Você tinha noção de que o MMA se tornaria essa loucura de público e mídia?
Anderson Silva -  Não, não tinha mesmo. O que eu sabia, sempre acreditei, é que me tornaria tão bom quanto os meus mestres, os professores que me treinavam. Mas, quando eu comecei, não existia o MMA, ainda era o vale-tudo, né? Eu via o Vitor Belfort lutando no UFC, que é criação do Rorion Gracie, via também Royce Gracie, Pedro Rizzo, Marco Ruas, André Pederneiras... e nunca me imaginava lutando MMA. O que aconteceu? A evolução do esporte foi me levando. De repente, eu estava completamente envolvido. E sabe de uma coisa? Costumo brincar que sou melhor professor do que lutador - até porque passei a vida inteira sendo preparado para ser professor de artes marciais. Realmente não tinha nenhuma noção do que iria acontecer na minha vida.

Pode-se dizer que você era o cara certo na hora certa?
Anderson Silva -  Sem dúvida. Acho que Deus me deu o talento e a oportunidade, além de ter colocado no meu caminho as pessoas certas também, para que eu pudesse chegar onde cheguei.

Acredita em Deus? Como é a sua vida religiosa?
Anderson Silva -  Acredito, acho que a gente tem de ter fé. Deus é um ser maior, que nos provê as coisas boas, nos dá a oportunidade de estar aqui. Pra mim, é importante acreditar, sim. Digo, crer independentemente de religião, porque Deus está nas atitudes. 

E a vida familiar? Afinal, cinco filhos não é fácil, né?
Anderson Silva -  (risos) É uma loucura, supercorrido! Minha família se mudou para Los Angeles, minha mulher (Dayane) e meus dois filhos desse casamento (o Kalyl, de 13 anos, e a Kaory, de 16). Já o Gabriel (14), o João (10) e a Kauana (12) moram no Brasil. Deixa só eu explicar isso: eles são fruto de três relacionamentos que não deram certo durante os anos em que eu estive separado da minha mulher. Então, é muito louco, mas também é bastante frustrante, porque eu preciso ir pra lá, voltar pra cá, me desdobrar. Quando estava todo mundo aqui era mais fácil. Mas tudo tem um motivo para acontecer...

Por que o apelido de Spider?
Anderson Silva -  Sempre fui fã do Homem-Aranha, um herói mais humano, que sofre, tem de ralar. Mas o que aconteceu mesmo é que, antes de uma luta, no começo da carreira, eu estava usando uma camisa com o desenho do personagem. Quando me anunciaram, disseram "Anderson Silva, o Aranha do Brasil". Aí pegou.

Quem, até hoje, foi o seu adversário mais difícil?
Anderson Silva -  Todo adversário que eu enfrentei na vida estava bem treinado. Mas minha luta mais difícil foi a primeira no MMA, porque era tudo novo, havia aquela aura, né? Outra luta que me marcou muito foi a que me deu o primeiro título mundial, em 2001, contra o Hayato Sakurai, lá no Japão. Ele vinha vencendo todo mundo por nocaute, oito brasileiros na sequência. Eu era a zebra e era novo, não tinha experiência. O cara era superfamoso, tinha uma legião de fãs, havia participado de novela. O que me ajudou foi uma luta que eu fiz pouco antes, também no Japão, contra o Tetsuji Kato. Até então, eu não me via disputando título. Antes da luta com o Sakurai, quando subiu a bandeira japonesa e depois a brasileira, eu pensei: "Caramba, isso aqui é sério!" (risos). Ainda não havia caído a ficha.

Há uma história emblemática antes dessa luta...
Anderson Silva -  Pois é. Quando eu cheguei ao ginásio, fui informado de que havia um lugar pelo qual só os campeões podiam passar, um local sagrado. Um rapaz da organização me disse: "Olha, você não pode deixar as suas coisas aqui". 

Mas que provocação!
Anderson Silva -  Ah, o jogo psicológico faz parte. Mas meu treinador foi rápido também. Respondeu: "Não, Anderson, pode deixar as coisas, sim, porque é por aqui que você vai voltar!" E foi incrível, porque... enfim, a gente voltou mesmo por ali.

No primeiro combate contra o Yushin Okami, você foi desclassificado por aplicar um golpe ilegal. A vitória sobre ele, ano passado, teve um gosto especial?
Anderson Silva -  Isso é muito difícil de dizer... Só quem luta sabe como as coisas são dentro do octógono. Na primeira disputa, acho que fui vítima da inexperiência. E também houve uma falha por parte da organização do evento (Rumble on the Rock, no Havaí), que não fez uma reunião para explicar as regras, diferentes das que eu estava acostumado. Isso me atrapalhou um pouco. Fui punido pelo meu erro e achei corretíssimo. Já na segunda luta, creio que fiz um bom trabalho.

Como é se transformar em galã de TV? Vai pintar novela?
Anderson Silva -  Não, não... Galã? Não. Estou treinando. Acho que tudo é questão de se preparar. Um dos meus goals na vida é ser ator, fazer filmes de ação, estilo Missão: Impossível. Vou começar a ter aulas agora, inclusive. Mas, galã... acho meio complicado (risos). Estou bem representado pela 9ine, a gente tem feito um trabalho bacana, mas não chega a tanto. O objetivo é construir a minha imagem fora do octógono, o Anderson exemplo para as crianças, para os jovens. Essa é a missão mais importante. Não apenas colocar um lutador nas capas de revista.

E que projetos sociais você vem tocando atualmente?
Anderson Silva -  No Corinthians, que é o meu time do coração e que me apoia, a gente está fazendo um trabalho com as crianças carentes que moram na região em que fica o clube. É na academia que leva meu nome, aberta no ano passado lá na sede, em Itaquera. Já no Rio de Janeiro, os irmãos Nogueira (Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro), meus mestres, lideram um projeto bacana do qual eu também participo. Infelizmente, por causa dos meus compromissos, não estou tão presente. Mas, quando eu parar de lutar, quero acompanhar mais de perto.

E qual o momento para parar de lutar? Está próximo?
Anderson Silva -  Acho que dá para ficar mais uns 6 anos lutando. Gosto muito do que faço, a equipe que trabalha comigo faz um trabalho fantástico, nunca tive uma lesão grave que me afastasse das competições. Então, acho que tenho mais esse tempinho.

Quais os seus ídolos?
Anderson Silva -  O maior deles é o Bruce Lee. Sou aficionado. Gosto principalmente da filosofia dele. Mas também sou fã do Muhammad Ali e do Roy Jones Jr. São caras para os quais eu tiro meu chapéu, tiro minha faixa preta. Fora do ringue, eu diria Michael Jordan, Pelé e o Ronaldo. As pessoas acham que eu falo isso por causa do meu contrato com a 9ine, mas não é, não. Já era fã do Ronaldo muito antes.

Gostaria de ter enfrentado o Bruce Lee?
Anderson Silva -  Não... gostaria de tê-lo conhecido e ter tido aulas com ele. Mas não arriscaria uma luta com Bruce Lee, não. 

Você tem uma voz serena, faz o estilo zen. O que te tira do sério?
Anderson Silva -  Cara, é difícil me tirar do sério. Nem o namorado da minha filha consegue isso! (risos) E olha que já tirou sarro da minha voz. Ele é muito folgado, mas é um garoto fantástico. O que me tira do sério? A desigualdade, a covardia - e não estou falando do octógono, não. Acho que todos nós brasileiros ficamos indignados com tanta gente precisando de ajuda, de educação, de saúde. Fora a violência, né? Não há nada que justifique a violência que se vê por aí. Eu tenho cinco filhos e fico preocupado. Caramba, todo dia eu acordo e tento ser melhor do que no dia anterior, tento ser exemplo para eles. Aí a gente liga a televisão e só vê coisa errada, politicamente falando. As coisas estão mudando, sim, mas ainda falta muito. Isso me deixa triste, isso me tira do sério.

Fonte:Estadão.com.br

terça-feira, 17 de abril de 2012

Parabéns aos Lutadores do Povo!


   ACORDO HISTÓRICO NO SETOR MOVELEIRO,parabéns sintracon-sbc


O recente acordo que reduziu os preços dos móveis para os moradores dos conjuntos habitacionais, promovido pela Prefeitura de São Bernardo, com a assinatura do prefeito Luiz Marinho e de representantes da cadeia produtiva moveleira (indústria, lojistas e sindicatos de trabalhadores), é de fato histórico. Representa passo importante no esforço da revitalização da cadeia produtiva que, nas últimas décadas, esteve sob o risco do desaparecimento em nossa Região.
Guerra fiscal, falta de atualização de produtos, inadequação de processos produtivos e ausência de políticas públicas e privadas de apoio resultaram no deslocamento de inúmeras empresas do ABCD para outros municípios e estados. Em São Bernardo, entre 1998 e 2008, o número de estabelecimentos foi reduzido em 35%. No mesmo período, o número de empregados com carteira caiu de 2.342 para 1.790.
A realização e o sucesso de duas edições da Feira de Móveis na rua Jurubatuba em 2011, na parceria que envolveu a Prefeitura e os lojistas, foi o primeiro passo em uma sequencia de ações planejadas pelo Grupo de Trabalho (GT) do setor moveleiro de São Bernardo. O Senai e o Sebrae também fazem parte do GT.
O acordo, que tem validade por 12 meses, estabelece o seguinte.

a) Para os moradores dos conjuntos habitacionais construídos pela Prefeitura será concedido desconto de no mínimo 25% sobre o preço à vista de qualquer móvel que esteja sendo vendido nas lojas integrantes do acordo, e de no mínimo 15% sobre o preço a prazo.

b) Compromisso da cadeia moveleira (indústria e lojistas) de que, nas próximas inaugurações de apartamentos nos conjuntos habitacionais, a indústria local apresentará protótipo de apartamento decorado apenas com móveis produzidos pela indústria local. A intenção é demonstrar que os móveis produzidos em São Bernardo e Região estão aptos a mobiliar, com preços reduzidos e boa qualidade, não apenas as unidades habitacionais, mas os lares em geral.

c) No âmbito do GT, desenvolver políticas em torno de temas estratégicos para o incremento do investimento, modernização e competitividade do setor, tais como a requalificação da rua Jurubatuba; a melhoria dos níveis de escolarização e capacitação profissional dos trabalhadores do setor, bem como a melhoria das relações de trabalho no interior das empresas;  a participação dos representantes da cadeia moveleira na Associação Parque Tecnológico de São Bernardo, ora em constituição, e que possibilitará a montagem de empresas de design de móveis.

Há ainda outros pontos que merecem atenção. São os casos do apoio à formalização, capacitação e modernização do grande número de marceneiros independentes que temos no ABCD, e da formulação e execução de uma política de reciclagem de madeira.
Por tudo isto é que temos certeza que, com estas e outras ações planejadas para o setor moveleiro, a palavra “crise” está pouco a pouco dando lugar à outra que é a da “retomada” da produção, das vendas e do emprego.

*Jefferson José da Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo.

sábado, 14 de abril de 2012

Neymar,um trabalhador do futebol!



O cartunista Mauricio de Sousa divulgou neste sábado, em seu Twitter, a primeira imagem de Neymarzinho, que será personagem de revistas em quadrinho.
Mauricio de Sousa aproveitou as comemorações do centenário do Santos para mostrar o personagem que vai representar o atacante Neymar.
Na foto, ele aparece com a camisa do Santos ao lado de Magali, da Turma da Mônica, e que também veste uma camisa do clube alvinegro.
O cartunista já havia homenageado Neymar em Janeiro, quando ilustrou o gol do atacante contra o Flamengo, no dia 27 de julho, na derrota por 5 a 4, pelo Campeonato Brasileiro. O jogador foi premiado como autor do gol mais bonito na temporada 2011.
Além do jovem atleta santista, Mauricio de Sousa também homenageou outros jogadores no passado, como Pelé, Ronaldinho e Ronaldo.

Fonte:Folha de São Paulo

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Um dia histórico para os trabalhadores!


McDonald's faz acordo que estabelece jornada de trabalho e salários para mais de 50 mil trabalhadores da rede.

Empresa conclui negociação com sindicato de São Paulo, e deve estender parâmetros aos 50 mil empregados

Depois de pelo menos seis meses de negociação, o McDonald's assinou, no fim da tarde de ontem, um acordo coletivo de trabalho com o Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Lanchonetes e Restaurantes de São Paulo e Região (Sinthoresp), para alterar o regime de jornada de trabalho e de pagamento de seus funcionários.
Nos municípios da base territorial representada pelo Sinthoresp, os trabalhadores da Arcos Dourados, dona da McDonald's na América Latina, passarão a obedecer, durante a vigência do acordo - de um ano -, a uma jornada de trabalho com pagamento e horário definidos.

Pela jornada móvel e variável, aplicada até então pela empresa, os funcionários não tinham horário fixo, ficando à disposição do estabelecido mensalmente pelo McDonald's. Agora, para maiores de 18 anos, a jornada máxima passa a ser de 8 horas, com 44 horas semanais e, para menores de idade, máxima de 6 horas, com 36 horas semanais.

Os funcionários também não tinham salário fixo, já que a remuneração dependia do tempo trabalhado. Com o acordo, foi estabelecido piso de R$ 769,26 para 44 horas semanais e de R$ 629,40 para 36 horas. O McDonald's estima que o acordo beneficie cerca de 2 mil funcionários, nos 34 municípios em que o Sinthoresp está presente. A empresa tem cerca de 50 mil empregados no País.

A diretora de recursos humanos da Arcos Dourados, Ana Teresa Apolaro, disse que há intenção de avançar nos acordos com sindicatos e expandir a decisão a outras regiões. "Esse acordo marca a abertura da Arcos Dourados a parcerias, a diálogos." Segundo Ana Teresa, há um cronograma de negociações com outros sindicatos.

Para o presidente do Sinthoresp, Francisco Calasans Lacerda, uma das maiores vitórias do acordo é a criação de uma câmara de gestão de conflitos, pela qual os trabalhadores poderão pleitear mudanças e fazer denúncias. A câmara tem composição paritária, com dois integrantes designados pelo Sinthoresp e dois pela Arcos Dourados.

Na avaliação de Lacerda, é um sinal de boa fé da empresa. "Isso é muito importante, porque evita até mesmo processos na Justiça do Trabalho", disse Calasans.

O acordo assinado ontem, porém, não anula as ações já existentes na Justiça contra o McDonald's. "É preciso que, daqui para a frente, haja o interesse de manter o que foi ajustado", disse Lacerda.

Por meio de sua assessoria de comunicação, o McDonald's afirmou que não espera que a alteração provoque impacto econômico significativo na folha de salários, apesar da mudança que deve se refletir no restante do País.

POR:BEATRIZ BULLA - O Estado de S.Paulo

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Chico,nosso muito obrigado!


Cartunistas fazem homenagem ao mestre Chico Anysio

Chico Anysio não era apenas um, mas vários. Criador de mais de 200 personagens, tão queridos pelos brasileiros, Chico foi também ator, dublador, escritor, pintor, cantor e compositor. A genialidade e a qualidade de seu trabalho serviram de inspiração para 66 cartunistas de todo o País, profissionais e amadores, que se uniram por meio das redes sociais para criar uma “Flash Expo” em homenagem ao múltiplo artista, falecido no último dia 23 de março. A mostra é gratuita e acontece de05 a 30 de abril, das 10h às 22h, na Praça de Eventos do Shopping SP Market.
Na exposição, o público poderá conferir as caricaturas dos vários personagens criados pelo humorista, além de outras que destacam o próprio Chico Anysio. O artista é homenageado pelos cartunistas JAL, Alan Souto Maior, Claudio Moura e pela dupla Samuca e Silvino, que desenhou o divertido encontro, no Paraíso, do comediante com Charles Chaplin, Mazarotto e o Gordo e o Magro.  “Nós, cartunistas, não queremos apenas homenagear esse grande humorista, mas reverenciá-lo a partir dos nossos traços e pensamentos. Desejamos que os fãs encontrem, em nossos desenhos, a lembrança do sorriso que Chico Anysio nos proporcionou“, afirma José Alberto Lovetro, o JAL, cartunista, jornalista e curador da Flash Expo Chico Anysio no Shopping SP Market.
A essência dos personagens criados por Chico Anysio ganha vida no traço dos cartunistas que participam da exposição. As características e a personalidade do vaidoso “Alberto Roberto” são destacadas no desenho de Paffaro. Um dos mais antigos e queridos personagens, Professor Raimundo, é caracterizado pelo cartunista William em frente ao quadro negro, com os dedos polegar e indicador que sinalizavam o bordão do personagem: “E o salário, ó”. Já o chargista Junião se inspirou em Justo Veríssimo para registrar a crise da presidente Dilma com a base aliada.
Cartunistas participantes: Alan Souto Maior,  Alecrim, Alpino, Amarildo, Amorim, Ariel, Aroeira, Baptistão, Bruno Honda, Caó Cruz Alves, Cárcamo, Cassio Manga, Cisko Diz, Claudio Moura, Cris Carnelós, Daniel Paione, Danilo Marques, Dão, De Pieri, Eder Santos, Elihu, Elielson Jesus, Estevão Ribeiro, Fernandes, Fraga, Gilmar, Glen Batoca, Guilherme Bandeira, JAL, J. Bosco, Jorge Barreto, Josú Barroso, Julinho Sertão, Júlio Cesar de Magalhães, Junião, Júnior Lopes, Lobo, Lorde Lobo, Lucas Leibholz,  Marcelo de Oliveira Souza Filho, Marcio Diemer, Marco Souza, Miguel, Moacir Torres, Mônica Fuchshuber, Morettini,Vital do Rg,Nelson Santos, Paffaro, Paolo Lombardi, Quinho, Ricardo Soares, Rodrigo Mota, Rodrigo Schiavoni, Rubens Junior, Samuca e Silvino, Seri, Stegun, Tiago Gomes, Tonho, Toni D’Agostinho, Vencys Lao, Venes Caetano, Vicente Bernabeu, Waldez, William e Zappa.

SERVIÇO:
Flash Expo Chico Anysio
Local: Praça de Eventos – Shopping SP Market
Endereço: Av. das Nações Unidas, 22.540 – São Paulo/SP
Período: de 05 a 30 de abril, das 10h às 22h
ENTRADA GRÁTIS

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Jovens desempregados na Espanha!

Desemprego entre jovens na Espanha supera 50% pela 1ª vez desde 1986

50,5% é a taxa de desemprego entre os jovens espanhóis, a maior de toda Europa
 A taxa de desemprego na Espanha é a maior de toda a Europa e, entre os jovens, ela superou 50%, o que não acontecia desde pelo menos 1986, ano a partir do qual os dados desta pesquisa estão disponíveis no site do Eurostat, escritório de estatísticas da União Europeia.
Mais da metade (50,5%) dos  espanhóis com até 25 anos estava desempregada em fevereiro. Esse número mostra que o mercado de trabalho para os jovens na Espanha já está tão difícil quanto para os da Grécia, onde a taxa está em 50,4%.
Clique no mapa abaixo para ver os dados mais recentes de desemprego, geral e entre jovens, em países selecionados.
mapa_desemprego_jovens.JPG
De volta ao pré-euro
O desemprego na Espanha, seja a taxa geral ou a de jovens, não está muito mais alto do que em meados da década de 1990, conforme mostra o gráfico abaixo. Antes do euro, o mercado de trabalho espanhol passou por momentos difíceis. Em 1994, por exemplo, o taxa de desocupação superava 20% da população ativa e 40% dos jovens.
Os espanhóis viram melhoras consistentes nesse indicador apenas a partir de 1997, dois anos antes da criação do euro. Após a adesão à moeda única europeia, em 1999, o desemprego na Espanha continuou caindo até o final de 2007. Subiu um pouco no início de 2008, mas disparou mesmo foi depois que estourou a crise financeira internacional, em setembro de 2008.
 Fonte:Estadão.com

domingo, 18 de março de 2012

Ratos e Morcegos!


Trabalhadores resgatados em Goiás dormiam com ratos e morcegos!

Trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão no final de fevereiro em lavouras de soja, café e milho, nos municípios de Montividiu e Rio Verde, em Goiás, dormiam com ratos e morcegos, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
De acordo com o auditor fiscal Roberto Mendes, as jornadas de trabalho prolongadas, que chegavam a 16 horas, e as condições degradantes a que 24 pessoas eram submetidas sistemáticamente em fazendas do grupo Ypagel, caracterizam escravidão contemporânea, conforme previsto no artigo 149 do Código Penal. A ação de fiscalização contou com a participação do auditor Juliano Baiocchi e da procuradora Carolina Marzola Hirata, do Ministério Público do Trabalho (MPT), além de apoio da Polícia Federal.
Os trabalhadores foram resgatados das fazendas Monte Alegre, Pindaíbas e Cachoeira de Montividiu, todas pertencentes ao grupo Ypagel, dos irmãos Valdemar Osvaldo Gonçalves e Jurandir Osvaldo Gonçalves, e suas filhas Geovana Eliza Gonçalves e Franciele Mendes Gonçalves. Questionado sobre as condições a que o grupo era submetido, o gerente responsável pela colheita de soja, Antônio Osvaldo Gonçalves, irmão dos dois proprietários, afirmou que todos da família estavam viajando e que não poderia se pronunciar. A Repórter Brasil tentou contato com Valdemar, mas, até o fechamento desta reportagem, ele não retornou aos recados deixados em seu celular.
Após o flagrante, a família Gonçalves pagou imediatamente R$ 175 mil de verbas recisórias para os trabalhadores e concordou em regularizar as condições para os libertados seguirem trabalhando, agora com os direitos respeitados. O MPT negocia Termo de Ajustamento de Conduta que prevê o pagamento de R$ 300 mil em danos morais coletivos e fiscalizações regulares para verificar se as condições determinadas serão cumpridas.
Colheita
A agilidade para regularizar a situação tem relação com os prejuízos decorrentes de atrasos na colheita da soja, que vai de fevereiro a março em Goiás. O MTE promete intensificar as ações de fiscalização até o final do período. “Na região do sudoeste goiano existem milhares de produtores de soja e suspeita-se que possa haver outros casos semelhantes. Como o período de colheita coincide com o período chuvoso, existe certa dificuldade de se realizar a colheita, uma vez que quando se chove não é possível colher. E como, após atingir o ponto ideal de colheita, os grãos não podem aguardar muito tempo, os agricultores costumam aproveitar ao máximo aqueles dias em que as condições estão ideais para tal (dias ensolarados). E é justamente aí que ocorre a exigência de jornadas de trabalho extremamente excessivas, que se prolongam até as 20h/23h”, explica o auditor Roberto.

“Outra causa da exigência de jornadas de trabalho além do limite legal é a busca pelo aproveitamento máximo das máquinas usadas na colheita da soja, geralmente equipamentos de última geração e de alto custo e que, em regra, só são usados por poucas semanas por ano, durante a colheita. Mas são problemas que os agricultores têm que encontrar soluções, como por exemplo, a contratar mais funcionários e o estabelecer dois turnos de trabalho”, completa, lembrando que a legislação prevê jornada de oito horas diárias, com no máximo duas horas extraordinárias por dia. “Salvo exceções previstas no artigo 61, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que não se aplica ao caso da colheita da soja”.
Degradação
O estado dos alojamentos em que os trabalhadores eram obrigados a dormir durante a época de colheita está entre um dos principais problemas encontrados. Havia apenas um chuveiro para um grupo de mais de 20 homens e condições inadequadas de higiene e habitação. “Esses locais estavam em péssimas condições. Eram sujos e sem higiene, não tendo nenhuma estrutura para servir como moradias. Os únicos móveis existentes no local eram as camas velhas. Tinha trabalhador que nem colchão tinha, estavam dormindo ‘na tábua’. Era uma situação de total degradância. Os alojamentos estavam infestados de ratos e morcegos, que, durante o dia, dormiam sossegadamente na cozinha”, diz Roberto, que ressalta que, apesar da situação encontrada nos alojamentos, o maquinário usado na colheita e transporte da soja, bem como no plantio do milho safrinha era de última geração.

A equipe de fiscalização encontrou uma barraca de acampamento na varanda da casa, armada por um dos trabalhadores que quis evitar o contato com os animais enquanto dormia. Segundo o relatório de inspeção do MPT, os trabalhadores que operavam as máquinas para borrifar veneno nas plantações estavam sujeitos a se contaminarem: “a depender do vento, o trabalhador acabaria molhado por veneno (especialmente no rosto, que não tem proteção)”, diz o texto. Além disso, nas frentes de trabalho não havia nenhuma estrutura, nem equipamentos de primeiros-socorros, nem banheiros, e nem água. A que os trabalhadores consumiam tinha que ser levada por eles em garrafas próprias.
Além de estarem submetidos a condições degradantes no alojamento e nas lavouras, os trabalhadores também tinham que cumprir jornadas exaustivas prolongadas. O grupo, de acordo com as autoridades, começava a trabalhar por volta das 6h e 7h e seguia até a hora que fosse possível, alguns cumprindo jornadas de até 16 horas.
Do Repórter Brasil

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ainda se faz justiça...

Empresa que demitiu trabalhador em greve é punida
A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) condenou na quarta-feira (22) a Companhia Minuano de Alimentos por ver prática antissindical na demissão de um funcionário que participou de uma greve. O ministro Vieira de Mello Filho manteve entendimento da Justiça de segunda instância (regional) que se baseou em acordos internacionais firmados pelo Brasil.
O ministro ressaltou que, embora não seja habitual, não há dúvidas de que a Convenção 98 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é aplicável. "De acordo com o artigo 1º dessa Convenção, todos os trabalhadores devem ser protegidos de atos discriminatórios que atentem contra a liberdade sindical, não só referentes à associação ou direção de entidades sindicais, mas também quanto à participação de atos reivindicatórios ou de manifestação política e ideológica", disse.
Antes da decisão do TST, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Santa Catarina baseou-se em duas convenções da OIT que versam sobre a proibição de práticas discriminatórias nas relações de trabalho e garantem a liberdade para a sindicalização e a negociação coletiva. Foi rejeitado recurso da empresa, que terá de indenizar o ex-funcionário com o pagamento dobrado de verbas trabalhistas, como salário e férias.
O ex-empregado da companhia trabalhou na empresa como auxiliar de frigorífico de maio de 2005 a abril de 2007, e foi dispensado por justa causa junto com outras 19 pessoas após a realização de uma greve em protesto contra atraso do pagamento dos salários. Logo na primeira condenação, ajuizada pela 1ª Vara do Trabalho de Jaraguá do Sul, ficou determinado o pagamento da quantia de R$ 3 mil de indenização por dano moral ao trabalhador, devido à humilhação relatada por ele. No dia da demissão, o ex-empregado teria sido dispensado das dependências escoltado por seguranças da empresa.
O TRT acrescentou ainda seu entendimento sobre a dignidade da pessoa humana e atos discriminatórios sobre a participação do autor da ação na greve, embora esta não seja especificada em lei. A empresa recorreu ao TST argumentando que a Justiça regional se utilizou de uma lei para condenar um caso de discriminação que não consta dela.

FONTE: Rede Brasil Atual

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Shopping centers, mata-leões e preconceitos...


Fico a me questionar se a grita de parte da imprensa e de muitos cidadãos pelo que aconteceu no último sábado, no badalado Shopping Jardins, quando Leidison Reis dos Santos foi morto por seguranças com um golpe “mata-leão” que lhe quebrou a coluna cervical, seria pela morte, injustificável sob todos os aspectos, de um trabalhador de tez escura e aparência simples ou por ter ocorrido dentro do maior templo do consumo de nossa sociedade: o shopping center, com sua áurea asséptica, tranquila e sempre convidativa às compras.

Para além da pergunta “Como pode uma coisa dessas acontecer dentro de um shopping center?”, que tantas vezes ouvi durante a semana, paira a sensação de que muitas pessoas ficaram horrorizadas com o crime muito mais por ele ter ocorrido no interior desse símbolo da impecabilidade que propriamente por se tratar de um ato desumano, estúpido e desproporcional de seguranças contra um trabalhador de pele escura, “suspeito” desde que nasceu. O rapaz, segundo a família, tinha ido tão-somente sacar dinheiro do seguro desemprego num caixa eletrônico para pagar as contas. Um ato simples e cotidiano que acabou lhe custando a vida.

Não tenho dúvida, fosse um caucasiano, usando roupas e sapato da moda, na mesma situação, o tratamento seria outro. Du-vi-de-o-dó que fosse retirado do shopping da forma como fizeram com o rapaz no sábado, a base de um “mata-leão”, tão eficiente que matou mesmo.

O que as pessoas desprezam ou fingem não ser real é que crimes como o que ocorreu dentro do mega templo do consumo sergipano, com característica nitidamente racista e preconceituosa por se mostrar seletivo, se repetem a cada segundo em todos os cantos do país, em lugares não tão limpos e não tão belos quanto os modernos centros de compras, e isso, no entanto, pouco incomoda a nossa sociedade. São só estatísticas. Mesmo que elas sejam assustadoras e, por si só, reveladoras.

No Brasil se mata muito. Assassinato virou coisa banal. O país é o mais homicida do planeta em números absolutos desde 2009. Foram quase 44 mil homicídios só naquele ano. Mais que a média de guerras como a da Chechênia, Angola, Afeganistão ou do Iraque. Entretanto, para além desse dado global chocante, em cada três assassinatos por aqui, dois são de negros. Em números de 2008, morreram 103% mais negros que brancos. Dez anos antes, essa diferença era de 20%. São números constantes do Mapa da Violência 2011.

E veja, o estudo nacional mostra ainda que, enquanto os assassinatos de brancos vêm caindo, os de negros continuam a subir. De 2005 para 2008, houve uma queda de 22,7% nos homicídios de pessoas brancas; entre os negros, as taxas subiram 12,1%. O cenário é ainda pior entre os jovens de 15 a 24 anos. Nessa faixa etária, entre os brancos, o número de homicídios caiu de 6.592 para 4.582 entre 2002 e 2008, uma diferença de 30%. Enquanto isso, os assassinatos entre os jovens negros passaram de 11.308 para 12.749 – aumento de 13%.

É o não estarrecedor, apesar do pouco incômodo que causa na maioria das pessoas? Mas também ajuda a explicar em parte o que vem ocorrendo no Shopping Jardins, já que o caso do rapaz morto por seguranças não é o primeiro registrado. A coisa cheira mesmo a preconceito de cor e classe social. Pelo menos mais cinco outras vítimas – todas pardas ou negras – relataram, em momentos distintos, terem sofrido torturas físicas e espancamentos por parte de seguranças do mesmo estabelecimento.

O pai de uma delas chegou a relatar em um programa de rádio que o filho e um amigo foram levados para uma “jaula” com chão de brita, num lugar recolhido atrás do shopping, onde sofreram agressões e torturas por supostamente terem roubado em uma loja. Mas os rapazes tinham as notas fiscais dos produtos, provando a compra.

Veja a gravidade: há uma jaula de torturas no shopping mais chique da cidade! Mas pergunte se algum branco ou filho de branco passou por lá? Quem não se lembra da gangue de playboys baderneiros intitulada Aloha Pis, formada por jovens da classe média alta que, mimados e cansadinhos da vidinha fútil, viviam aterrorizando o shopping, com brigas e até esfaqueamento? Algum foi apreendido? Cumpriu medida socioeducativa? Passou pela jaula de tortura? Que nada. Para os filhos brancos da classe média e alta, tapinhas nas costas. Para os negros das classes mais baixas, mata-leões e torturas.

As pessoas precisam muita mais que apenas revoltar-se diante dos atos de violência patrocinados por seguranças privados do Shopping Jardins contra cidadãos não-brancos. Seria o caso de também fazerem uma leitura mais profunda das razões para chegarmos a esta situação de violência gratuita, e enxergarem além da superfície do que parece natural, e não é. Ver que as estatísticas, para além dos frios números, apontam para uma realidade cruel, que indica a existência escancarada de um apartheid social onde a discriminação contra a população negra é gritante, mas que tacitamente é escamoteada pelo falso mito da democracia racial brasileira.

Enquanto a sociedade não se debruçar sobre essa realidade e aceitar que se trata de uma questão ainda muito mal resolvida entre nós, haveremos de presenciar outros casos como o de Leidison, o trabalhador humilde de tez escura que foi a um shopping center da cidade sacar dinheiro do seguro desemprego num caixa eletrônico, a fim de pagar suas contas, e saiu de lá no rabecão do IML, morto por seguranças que, como berraram algumas pessoas nos programas de rádio matinais, “estão ali para garantir a integridade e a segurança dos clientes”. Mas de quais clientes? Esta é a questão.

De:George Washington do Site Página 13

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Um dia histórico para os trabalhadores!

O Tribunal de Turim, no noroeste da Itália, condenou nesta segunda-feira, 13, a 16 anos de prisão a dois ex-responsáveis pela multinacional Eternit processados pela morte de cerca de 2.000 pessoas pelo uso do amianto em suas obras.
Os condenados em primeira instância são o magnata suíço e ex-proprietário do grupo Stephan Schmidheiny, de 64 anos, e o barão belga e ex-dirigente da empresa Jean-Louis Marie Ghislain de Cartier de Marchienne, de 89 anos, por desastre ambiental doloso e por não cumprir os requisitos de segurança do trabalho, informam os meios de comunicação italianos.
Ambos estavam imputados, como responsáveis de Eternit Génova, de não haver adotado as medidas necessárias para evitar que os trabalhadores e os habitantes das proximidades às diferentes sedes da empresa estivessem expostos ao pó de amianto.
Segundo a acusação, morreram 2.191 pessoas e outras 665 ficaram desenvolveram doenças relacionadas à presença do amianto.
O julgamento, que começou em dezembro de 2009 e tem sido considerado o maior processo na Itália, reuniu cerca de 6.400 petições.
As vítimas eram empregados da fábrica ou habitantes das localidades de Casale Monferrato (Alessandria), Cavagnolo (Turim), Rubiera (Reggio Emilia) e Bagnoli (Nápoles), onde la Eternit tinha suas sedes.
O tribunal de Turim, no entanto, diferenciou as instalações e declarou que os dois imputados culpados pelo desastre dolosos apenas pelas condições das fábricas de Cavagnolo e Casale Monferrato, considerando em relação às demais o delito já prescreveu.
O tribunal ordenou o pagamento de indenização no valor de 25 milhões de euros a Casale Monferrato, 20 milhões à região do Piemonte, cuja capital é Turim, e 4 milhões à Cavagnolo.
O ministro da saúde italiano, Renato Balduzzi, qualificou a sentença de "histórica, tanto pelos aspectos sociais quanto pelos estritamente técnico-jurídicos".
Fonte:Efe e Estadão.com

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Enquanto isso na europa...

Espanhóis pioram currículo para concorrer a empregos de baixa qualificação

Para aumentar suas chances de conseguir emprego, profissionais na Espanha estão escondendo qualificações em seus currículos, segundo uma pesquisa de consultorias e sindicatos.
Pesquisas anteriores diziam que um em cada dez espanhóis mentem nos seus currículos, no sentido de melhorar suas qualificações.
Mas a grave crise econômica que atinge o país com a maior taxa de desemprego da União Europeia (22,9%), está levando engenheiros, administradores de empresa, técnicos de informática e até ex-diretores a ´piorar´ currículos em busca de empregos de baixa qualificação.
É o caso de José Ángel Silvano, economista. Em 2010 fechou sua própria empresa de logística e desde então não tem trabalho. Atualmente, no seu currículo consta pouco mais de "responsável, com iniciativa e experiência".
"Tirei os cargos de direção, a graduação universitária e deixei só os idiomas e conhecimentos variados para ver se assim encaixo em outros perfis. Para mim não é mentir, mas ocultar informação que possa dar imagens prejudiciais: que sou qualificado demais ou incapaz de cumprir postos considerados menores", contou ele à BBC Brasil.
O caso dele não é uma exceção. "Você se surpreenderia com a quantidade de universitários que estão procurando trabalhos em supermercados" afirmou à BBC Brasil, Martín Sanchez, estudante de Filosofia.
"Uma degradação absoluta", disse ele, membro do grupo Juventude Sem Futuro, que organiza protestos em Madri por causa da falta de perspectivas.
A cada dia, 10% dos desempregados lançam no mercado currículos profissionais ocultando dados, segundo a pesquisa das consultoras Adecco, Manpower e sindicatos Comissões Operárias e União Geral dos Trabalhadores (UGT) apresentada em janeiro.
A estratégia de mentir nas referências tem nome: Currículo B. Mas o fato de dar uma imagem pior é um fenômeno novo e que está aumentando, de acordo com os especialistas em Recursos Humanos.
"Mentir não costuma ser boa saída, nem para os que inflam, nem para os que ocultam", explicou à BBC Brasil a diretora de análise de mercado da UGT, Adela Carrión.
"Embora neste caso possa ser visto com uma opção de não dar mais detalhes do que o necessário. Uma adaptação do currículo aos requisitos específicos da oferta".
A pesquisa indica que a maioria dos que escondem dados é de profissionais experientes do setor de serviços que estão mais de um ano sem emprego e de universitários recém-formados com alto nível de qualificação.
A situação dos mais jovens traz à tona um contraste inusitado à realidade do mercado de trabalho espanhol. Essa mesma geração, dos nascidos a partir de 1980, é considerada a que teve menos oportunidades nos últimos 40 anos, é tida como a com o mais elevado grau de educação da história do país, segundo a Pesquisa Nacional de População Ativa.
Pelos dados oficiais, 39% dos espanhóis entre 25 e 35 anos tem diploma universitário, enquanto a média da U.E. é de 34%. Ao mesmo tempo a taxa de desemprego para este grupo na Espanha é de 48.7%.
Entre os qualificados que trabalham, 44% tem empregos abaixo do seu nível de formação.
Repercussões psicológicasPara o catedrático em Economia Aplicada da Universidade Pompeu Fabra, José Montalvo, esta situação pode ter repercussões psicológicas nos trabalhadores.
"O perigo de que estes jovens tão qualificados permaneçam em empregos abaixo de seus padrões é que acabem aceitando isso como realidade. Psicologicamente se verão afetados, deixando de desenvolver estímulos e metas".
Os autores da pesquisa concordam. Desvalorizar os currículos "gera frustração a longo prazo" e se a empresa descobre o engano "se romperá a relação de confiança, porque fica claro que assim que o profissional encontrar uma oportunidade de acordo com sua formação, abandonará a empresa", diz o documento.
Uma solução pode ser emigrar. Além da alta taxa de desemprego, 37,7% dos jovens espanhóis têm contratos de trabalho temporários, média salarial de 800 euros (R$ 1.900) e 62% se dizem tão desmotivados que não veem futuro profissional no país.
Para o sociólogo Eusébio Megías, a questão é mais complexa porque "a crise modificou muitos conceitos".
"Um deles é que já não se procura o trabalho maravilhoso. Agora simplesmente o fim é encontrar um trabalho. E o horizonte do mercado já não é a sua própria cidade. Mas qualquer parte do mundo. Tudo está globalizado", concluiu.

Da BBC Brasil
 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Motoboy:profissão perigo...

Motoboy pode passar a ser atividade perigosa
Quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Projeto de Lei que tramita no Senado Federal quer enquadrar os serviços de mototaxista e motoboy na categoria de atividade perigosa, o que poderá resultar em adicional de 30% sobre o salário desses profissionais. Hoje, segundo informações da Agência Câmara, apenas os trabalhos que envolvem contato com produtos inflamáveis e explosivos em condições de risco acentuado recebem essa classificação na lei.
De acordo com o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o número de mortes ocasionadas por acidentes com motos quase triplicou em nove anos - foram 10.152 óbitos em 2010 contra 3.744 em 2002.
O Projeto de Lei (2865/11) passa agora pelas análises conclusivas das comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania do Senado. A proposta, do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), tramita em regime de prioridade.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

NOTA DO PT SOBRE A DESOCUPAÇÃO VIOLENTA DO PINHEIRINHO...


O PT acompanhou chocado, como toda a Nação, o desfecho violento e inesperado das negociações sobre a posse e urbanização de uma área ocupada por mais de mil famílias, há mais de 8 anos, no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, SP.
A mega-operação de reintegração de posse que envolveu a Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Guarda Municipal de São José dos Campos frustrou os esforços para uma saída pacífica para o conflito social, com base em proposta de políticas públicas para a regularização, urbanização e construção de moradias populares na região envolvendo os três níveis de governo federal, estadual e municipal.
De propriedade de um mega-especulador de passado amplamente conhecido, o Sr. Nagi Nahas, abandonada e sem o pagamento regular de seus impostos, envolta em chicanas jurídicas de falência da empresa de seu proprietário, o terreno poderia ser objeto, conforme proposta formal do Governo Federal, de uma ação conjunta dos vários entes federados para dar-lhe destino social, integrar as famílias ocupantes à cidadania plena e equacionar um problema crônico de moradia popular em importante pólo regional do Vale do Paraíba paulista.
No entanto, quando se imaginava que o caminho das negociações estava efetivamente aberto, a Prefeitura de São José dos Campos rompeu unilateralmente as negociações, e, de forma dissimulada e inesperada, sem comunicação prévia, passa a operar pela reintegração de posse junto à Justiça Estadual e o Governo do Estado. O que choca é que o mínimo de civilidade e credibilidade se espera na relação administrativa entre entes da Federação.
A dissimulação e a mentira são posturas inaceitáveis em relações políticas e administrativas, e essas foram marcas do comportamento da Prefeitura de São José dos Campos neste processo. A Prefeitura de São José dos Campos, o Governo do Estado de São Paulo e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo devem responder pelas conseqüências de seus atos nesta situação lamentável que expôs vidas humanas a risco desnecessário, tanto das famílias ocupantes quanto da população do entorno da ocupação e de outros bairros da cidade para onde a violência se estendeu.
O PT manifesta sua solidariedade ao movimento popular de São José dos Campos, aos moradores atingidos pela violência do Estado nesta reintegração de posse e aos membros do Governo Federal e parlamentares presentes facilitando em todos os momentos a negociação por uma saída pacífica e construtiva para o conflito.
O PT cumprimenta o Governo Federal pelos seus esforços de diálogo e por sua responsabilidade em todo o processo do Pinheirinho, e condena fortemente a intransigência e a insensibilidade social dos governos tucanos de São José dos Campos e do Estado de São Paulo, instando a todos pela retomada das negociações que permitam reparar o sofrimento causado desnecessariamente a famílias pobres e sem-teto.

São Paulo, 23 de Janeiro de 2012

Rui Falcão - Presidente Nacional do PT
Renato Simões - Secretário Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Práticas anti-sindicais no Wal Mart...

Por:Heloisa Villela, de Washington
Na última década, uma única empresa americana se tornou o grande símbolo do que é o capitalismo selvagem. Foram muitos os processos na Justiça por discriminação e maus tratos contra a rede de hipermercados Wal-Mart. Mas isso é café pequeno perto das relações trabalhistas que a empresa impõe aos funcionários. E o trabalho constante, e eficiente, para impedir a sindicalização dos funcionários.
A fama ruim não afetou em nada os negócios. Hoje, os seis herdeiros de Sam Walton, fundador da empresa, têm uma fortuna calculada em US$ 93 bilhões, o que significa toda a riqueza somada dos 30% mais pobres do país. Ou seja, “essa família é o retrato do 1%”, disse Jennifer Stapleton, diretora assistente do grupo “Making Change at Wal-Mart”, que nós podemos traduzir por promover mudanças no Wal-Mart. A referência, clara, é ao slogan mais conhecido do movimento Occupy, que tomou as ruas e praças de várias cidades americanas e sempre fala no crescimento da desigualdade nos Estados Unidos. Os 99% versus 1%.
Esta semana, Jennifer e o grupo de empregados que brigam por melhores condições de trabalho estão comemorando uma vitória importante. Depois dealguns anos de negociações com a empresa, um grande fundo de investimentos da Holanda decidiu vender todas as ações do Wal-Mart que tinha em carteira. Até junho do ano passado, o fundo ABP tinha mais de US$ 120 milhões de dólares investidos no Wal-Mart. Interessante é o processo através do qual a empresa concluiu que não dava mais para apostar no futuro da gigante corporação norte-americana.
Em 2007, o ABP começou a analisar as empresas nas quais investe, de olho em práticas responsáveis de administração. A quantidade de processos e reclamações a respeito de direitos trabalhistas envolvendo o Wal-Mart chamou a atenção da especialista do fundo, Anna Pot. Durante os últimos quatro anos, representantes do fundo de investimento se reuniram com a empresa de Arkansas em busca de esclarecimentos e de uma perspectiva de mudança.
Em outubro passado, o grupo Making Change at Wal-Mart adotou uma estratégia diferente. Decidiu jogar o jogo que os empresários entendem. Convidou analistas financeiros, representantes dos fundos de investimento, para uma reunião na véspera do encontro anual deles com a empresa. E não é que 50 apareceram? Um deles era Anna Pot, do ABP. Informações sobre o encontro, fotos e vídeo estão aqui:
http://makingchangeatwalmart.org/2011/10/11/walmart-associates-former-store-managers-meet-with-analysts-at-annual-investor-conference-in-bentonville/
Empregados do Wal-Mart relataram os erros que a empresa comete, não apenas nas relações trabalhistas, e sugeriram mudanças na administração dos negócios, inclusive dos estoques. Foi uma oportunidade única para os analistas dos fundos de investimento. Pela primeira vez eles tiveram um raio-X do interior do Wal-Mart, com todos os problemas que a empresa nega, ou tenta esconder.
Agora, três meses depois do encontro, o fundo anuncia a venda de todos os papéis do Wal-Mart. Entre triunfante e preocupada, Jennifer conversou com o Viomundo.

Viomundo: Quando foi criado esse grupo que quer promover mudanças no Wal-Mart?

Jennifer Stapleton: Começamos em janeiro de 2011 para dar apoio à organização United for Respect at Wal-Mart que vem tentando forçar a empresa a mudar. Nós estamos com eles.

Viomundo: E como conseguiram atrair os analistas dos fundos para esse encontro?

Jennifer Stapleton: Simplesmente convidamos e eles vieram. Uns 50 ao todo. No encontro, os funcionários falaram abertamente sobre retaliações, condições de trabalho, possíveis soluções para melhorar a empresa. Quando ela foi fundada, pelo Sam Walton, no começo dos anos 60, a visão era bem diferente. Bem, a ABP já tinha uma longa história com a empresa. Eles estavam conversando, tentando promover mudanças, mas chegaram à conclusão que não houve mudança alguma. A Anna Pot viu um anúncio de emprego deles procurando alguém de Recursos Humanos que enfatizava a necessidade de continuar impedindo a sindicalização dos funcionários.

Viomundo: Para vocês, a decisão do fundo holandês é uma vitória?

Jennifer Stapleton: É e não é. A decisão é um reconhecimento global do que os trabalhadores falam há anos. Eles se sentiram ouvidos e mais fortes. Mas, ao mesmo tempo, nós preferimos que fundos como este continuem investidos na empresa, com voz lá dentro, porque eles têm mais poder de barganha. Mas entendemos a posição deles. Não dá para colocar dinheiro em uma empresa assim. E nós achamos que outros fundos vão acabar fazendo a mesma coisa. Esperamos que a decisão do ABP sirva de alerta para a família Walton, que ainda detém mais de 50% das ações da empresa, para que promovam mudanças verdadeiras. Hoje, essa é a família mais rica do país. Um verdadeiro exemplo do crescimento desigual nos Estados Unidos.

Nota do Viomundo
: A rede Wal-Mart tem lojas em vários países. Entre eles: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, China, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Índia, Japão, México, Nicaragua, Porto Rico, Reino Unido, Paquistão e Estados Unidos. No segundo semestre de 2010, funcionários da empresa, de diferentes países, formaram uma aliança global, para construir solidariedade e objetivos comuns.
Fonte Site:Viomundo