quarta-feira, 29 de junho de 2011

Jovens trabalhadores ganham mais na Região...


Os jovens trabalhadores da Região, com até 29 anos, recebem salários maiores em relação a outros com a mesma faixa etária em todo o País. A média do ganho dessa população no ABCD é 22% maior, com salário médio de R$ 1.282,26 ante R$ 1.052,26 no resto do Brasil. Os números fazem parte do estudo realizado pela subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com base nos dados da Rais/2010 (Relação Anual de Informações Sociais) e traçam um panorama sobre a juventude trabalhadora do ABCD e a situação do jovem metalúrgico no mercado. A Região emprega 300.260 jovens com carteira assinada.
Nas cidades do ABCD, os salários são maiores por causa da característica do trabalho regional, formado por setores diversificados da economia, mas que têm na base industrial as melhores remunerações. De acordo com o estudo do Dieese, um salário pago nas empresas da Região é 56,4% maior do que recebem os jovens no País. No comércio daqui eles ganham 19,3% a mais e no setor de serviços, a diferença de remuneração é 2,5% superior em comparação a outros locais.
O peso da remuneração paga pela indústria pode ser verificado quando se analisa os segmentos em que os jovens estão empregados. Embora a maioria esteja no setor de serviços é o salário pago pela indústria que tem o maior peso na composição média dos salários. A maior parte dos jovens, 40% trabalha no setor de serviços, 23% no comércio e um terço na indústria. Na indústria de transformação da Região, a média salarial é R$ 1.695,85; no comércio, R$ 1.016,13 e nos serviços R$ 1.108,78, atividade que tem o maior número de empregados com carteira assinada, 120.442 (R$ 133 milhões em salários). No comércio, somam 67.563 (R$ 68 milhões em salários) e na indústria 90.362 (R$ 153 milhões em salários na Região) (veja tabela).
Fora do mercadoDe acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, a boa remuneração é a base do consumo, do desenvolvimento da economia e de melhor qualidade de vida. “Os melhores salários dão mais condição de consumo e de investimento em estudo para os jovens”, comentou. Conforme o levantamento do Dieese, os trabalhadores jovens representam 38% da força de trabalho na Região, um total de 798.345 jovens.
Apesar dos dados serem positivos, por um lado, Rafael alerta, por outro, que ainda há grande número de jovens fora do mercado no ABCD. E critica a falta de políticas públicas para incrementar o acesso ao mercado. “É necessário intensificar o desenvolvimento de políticas para a juventude, e que incentive e qualifique futuros profissionais”, acrescenta.
O nível de escolaridade dos jovens da Região também é maior em relação ao País. Têm o ensino médio completo 60,5% dessa população contra 52% no Brasil. De acordo com a economista do Dieese, Zeíra Camargo Santana, a escolaridade e a remuneração têm relação direta com as atividades que os jovens ocupam. Na indústria, as maiores ocupações são de alimentadores na linha de produção; no comércio são operadores em lojas e supermercados e no setor de serviços, auxiliares administrativos e operadores de telemarketing.
O panorama dos jovens trabalhadores também representa um dado importante para a campanha salarial dos metalúrgicos. “Sem dúvida são números que devem ser considerados nas estratégias de negociação”, comenta Rafael.
OportunidadesA oportunidade de trabalho na indústria segue viva entre os jovens do ABCD e a chance de construir uma carreira no segmento é alta. Com o mercado interno aquecido há grande  demanda nas linhas de produção, o que se torna uma oportunidade para a juventude da Região ocupar postos de trabalho nas montadoras.
Para o economista e professor da Facamp (Faculdades de Campinas), Marcelo Manzano, o emprego na indústria é um dos mais estáveis e também onde se tem uma remuneração maior. “A Região possui uma economia pujante e conta com a presença de muitas indústrias de diversos segmentos e isso possibilita que os jovens do ABCD tenham muito mais oportunidades para conseguir um trabalho de alta qualificação. A juventude da Região consegue ter ao seu dispor uma combinação completa tanto quanto a chance de estudar em boas universidades como também a de trabalhar em uma grande companhia”, ressalta.
Manzano cita ainda que de fato a entrada de jovens no segmento mostra que a mão de obra existente atualmente nas empresas passou a ser insuficiente. “O mercado está crescendo e também está aquecido, sendo assim a tendência é de que o número de contratações aumente consideravelmente”, finaliza.
Na MercedesO montador de caminhões da Mercedes-Benz, Pablo Fonseca, 22 anos, trabalha há quatro anos na empresa alemã  e afirma que o emprego na indústria possibilita o crescimento profissional. “Os benefícios são muito maiores que nos outros setores. É possível pagar meus estudos, fazer cursos extras e também poder pagar os gastos com o carro”, pontua.
Fonseca conta que começou a trabalhar como estagiário no setor de usinagem da montadora e quando abriu uma oportunidade no departamento de montagem de caminhões não teve dúvidas em aceitar o desafio. “Era uma área totalmente diferente da que eu trabalhava, mas nesses últimos anos estou aprendendo muito e acredito que será uma excelente uma oportunidade profissional”, pondera.
O montador ressalta ainda que um dos seus objetivos é conseguir finalizar a graduação em Administração com ênfase em Comércio Exterior. “Apesar de trabalhar em uma grande empresa, meu objetivo é poder crescer dentro dela e poder passar por outros setores, sendo assim acabei optando por fazer graduação em Comex (Comércio Exterior) para ampliar minhas oportunidades dentro da companhia”, frisa.
Fonte: ABCD Maior

Boa notícia,emprego aumenta no ABC...


As sete cidades da região registraram em maio a menor taxa de desemprego para o mês de maio desde 1998, quando os levantamentos começaram a ser feitos. Dados da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), realizada pela Fundação Seade e Dieese, em parceria com o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, divulgados nesta quarta-feira (29), apontam que a taxa de desemprego total na região em maio deste ano ficou em 10,6%, ou seja, permaneceu praticamente estável se comparada com abril, que registrou índice de 10,5%.

Em maio de 2010 a taxa de desemprego total era de 13%. A quantidade estimada de desempregados nos sete municípios no último mês é de 148 mil pessoas, reflexo da relativa estabilidade do nível de ocupação (eliminação de quatro mil postos de trabalho) e da população economicamente ativa (cerca de três mil pessoas saíram do mercado de trabalho na região). Já os rendimentos médios mensais referentes a abril diminuíram 1,8% entre os ocupados e 1,0% entre os assalariados, passando para R$ 1.522 e R$ 1.582, respectivamente.

Apesar do período de transição entre o primeiro e o segundo semestre tornar as projeções mais complicadas, Alexandre Loloian, coordenador da Fundação Seade, não acredita em grandes mudanças. “Não vejo grandes mudanças neste cenário se o governo e o mercado continuarem se comportando e agindo como estão. Creio que a taxa de desemprego continuará num caminho de redução, mas de forma mais lenta”, explica. “Não descarto a possibilidade de alcançarmos a casa de um dígito até o fim deste ano”, completa.

Retomada
Apesar do PED levantar dados específicos do ABC desde 1998, os dados não eram divulgados periodicamente para a região. A parceria, entretanto, foi retomada e, a partir de agora, as informações serão difundidas todas as últimas quartas-feiras de cada mês. “Estes dados são importantes para que os grupos de trabalho do Consórcio possam desenvolver projetos para a região, principalmente os voltados para o desenvolvimento econômico”, Luis Paulo Bresciani, secretário executivo do Consórcio Intermunicipal do ABC.  

terça-feira, 28 de junho de 2011

Dez conselhos para os militantes de esquerda...


Por:Frei Betto

1. Mantenha viva a indignação.
Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda. Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda encara-a como uma aberração a ser erradicada.
Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes. 
 
2. A cabeça pensa onde os pés pisam.
Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegra-se e celebra suas crenças e vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.  

3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.
O escândalo da Inquisição não faz os cristãos abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do horizonte da história humana. O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos 6 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão, com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e educação a 1,2 bilhão de pessoas.  

4. Seja crítico sem perder a autocrítica.
Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornam-se amargos e acusam os seus companheiros(as) de erros e vacilações. Como diz Jesus, vêem o cisco do olho do outro, mas não o camelo no próprio olho. Nem se engajam para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos, são cooptados pelo sistema. Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É admitir ser criticado pelos(as) companheiros(as).  

5. Saiba a diferença entre militante e "militonto".
"Militonto" é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais. O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.  

6. Seja rigoroso na ética da militância.
A esquerda age por princípios. A direita, por interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo – a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita. Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal. O verdadeiro militante – como Jesus, Gandhi, Che Guevara – é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele não se confunde com a função que ocupa. 
 
7. Alimente-se na tradição da esquerda.
É preciso oração para cultivar a fé, carinho para nutrir o amor do casal, "voltar às fontes" para manter acesa a mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto)biografias, como o "Diário do Che na Bolívia", e romances como "A Mãe", de Gorki, ou "As Vinhas de Ira", de Steinbeck.  

8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a pretensão de acertar sem eles.
Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por isso, estamos ao lado deles. Por uma questão de justiça. Um militante de esquerda jamais negocia os direitos dos pobres e sabe aprender com eles. 
 
9. Defenda sempre o oprimido, ainda que aparentemente ele não tenha razão.
São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que tiveram uma educação refinada. Em todos os setores da sociedade há corruptos e bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria. A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão dos pobres.

10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.
Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus. Muitas vezes deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta. Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência, ensinando-nos a amar assim como Jesus amava, libertadoramente. 
 
Frei Betto é escritor, autor de “A mosca azul – reflexão sobre o poder” (Rocco), entre outros livros.

domingo, 26 de junho de 2011

Olhaí quem é que vai fazer a banda larga…


Investimento em telefonia não segue expansão de clientes e panes crescem

Nos celulares, base de usuários avançou 16,6% em 2010, chegando a 202,9 milhões de linhas, mas investimento das empresas caiu 2,4%

Karla Mendes e Renato Cruz – O Estado de S.Paulo

O investimento das operadoras de telecomunicações não tem acompanhado o crescimento de sua base de clientes, o que tem levado a panes cada vez mais frequentes nos serviços de telefonia e internet. Essa situação já incomoda o governo. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, cobrou medidas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Um exemplo do descompasso entre investimento e crescimento está no setor de telefonia móvel. A base de clientes avançou 16,6% no ano passado, chegando a 202,9 milhões de linhas, segundo a consultoria Teleco. Mas o investimento das empresas diminuiu 2,4%, ficando em R$ 8,2 bilhões. Esse montante foi 16,3% inferior ao pico de R$ 9,8 bilhões destinados ao setor em 2004.
O que acontece com o celular é somente um exemplo, pois a combinação de investimento baixo e crescimento alto se repete em outras áreas das telecomunicações. Os consumidores estão cada vez mais insatisfeitos com a qualidade dos serviços.
Em pouco mais de um mês, a Intelig, que pertence à TIM, teve três panes. O Speedy, da Telefônica, voltou a deixar seus usuários na mão no dia 13 deste mês, dois anos depois de a empresa ter sido punida pela Anatel, sendo impedida até de vender os serviços. E a Nextel ficou entre as palavras mais tuitadas por brasileiros no dia 10, por causa de problemas no Rio de Janeiro.
“Falta acompanhamento, supervisão e investimento”, disse Ruy Bottesi, presidente da Associação dos Engenheiros de Telecomunicações (AET). “A infraestrutura não está preparada para suportar o crescimento. O investimento é reativo. As operadoras investem depois do aumento de tráfego, mas leva de 60 a 90 dias para importar equipamentos.”
No ano passado, os investimentos totais das operadoras no País (incluindo telefonia fixa, móvel e outros serviços) chegaram a R$ 17,4 bilhões, alta de 3,6% sobre 2009. Mesmo com o crescimento modesto, o valor está 28,1% abaixo dos R$ 24,2 bilhões investidos em 2001. A receita bruta do setor subiu mais que o investimento, avançando 4,2%, para R$ 184,9 bilhões.
“A essência do problema não está nas operadoras, mas na agência reguladora e no governo”, disse Bottesi.
“O serviço é público. O que a Anatel está fazendo para que tenhamos qualidade no serviço de telecomunicações hoje, em 2011?”, indagou.
Explicações. Para as operadoras, as críticas de que o investimento é baixo não procedem. Elas argumentam que os problemas verificados nos últimos meses são pontuais e o investimento realizado é suficiente para sustentar a expansão da base.
O fato de ele não acompanhar o ritmo do aumento do mercado teria três explicações: os equipamentos têm ficado mais baratos, graças à evolução tecnológica e à queda da demanda nos países ricos; o câmbio está favorável, fazendo com que os reais possam comprar mais equipamentos importados do que antes; e o desembolso maior é feito na instalação da rede, não na expansão desta mesma rede.