sábado, 15 de outubro de 2011

Vários tipos de mulheres.....

Mulheres sustentáveis....

Creio que não podemos falar em mulheres genericamente. De que mulher vamos falar? Das executivas que são diretoras de grandes empresas? Daquelas que conseguiram se destacar na política e chegaram até ao cargo mais alto do país? Daquelas que em várias atividades, lutam para construir um mundo melhor, se posicionando como agentes políticos?

Ou será que falamos daquelas que levam de 2 a 3 horas para ir e vir do trabalho, que não tem com quem deixar seus filhos, que cuidam de tudo sozinhas porque os maridos... Essas ficam com medo da adolescência de seus filhos porque ela vem carregada de ameaças: drogas, violência, armas e falta de oportunidades. Encontramos ainda as que sofrem muita violência doméstica, que nos pedem ajuda também para os homens, para que possam melhorar a qualidade de vida. Algumas perdidas na zona rural ou ribeirinhas que vivem situações de violência doméstica em localidades sem qualquer apoio.

Ou falaríamos da novíssima geração, essa sim, contaminada pelos novos tempos que se anuncia que proíbem ou controlam a TV para seus filhos, insistem em novos hábitos alimentares, lêem rótulos de alimentos e remédios, que controlam o consumo do supérfluo? Sonham com as ecovilas, tentam reciclar o lixo em suas casas, para nada (os condomínios e prefeitos não fazem sua parte), têm filhos de parto normal, e escolhem amamentar e amamentar e tentam buscar o difícil equilíbrio entre o profissional e a família?

Nossa, mas ainda temos tantas outras mulheres! Aquelas que escolhem focar em plásticas, academias, regimes e roupas justas. As hetero e as homossexuais e, claro, as bissexuais. Já temos até uma parcela que escolhe viver só, sem filhos.
Além disso, ainda temos as que estão mudando o sentido do que se convencionou chamar de velhice, as mesmas que começaram a revolução, lá atrás. Muitas na mesma luta para construir novos tempos.

Um perigo falar de mulheres. Somos o que somos, o que escolhemos, o que pensamos ou queremos ser. Pelo menos fica claro o que conquistamos, temos muito mais direito de escolha. Nunca em nenhum outro momento da civilização as mulheres foram tão diversas. Uma coisa, no entanto, não mudou, a nossa capacidade de influenciar a educação de futuras gerações, ao contrário, ela só aumentou. A pergunta que fica é o que fazemos com esse nosso poder influenciador para manter nossa casa azul e solta no universo, respirando? Será que daqui a, sei lá, 20 anos, vamos ter uma revolução do feminino, onde homens e mulheres vão redescobrir o sentido da palavra proteger?

Nádia Rebouças é especialista em Comunicação para a Sustentabilidade e sócia da Rebouças & Associados.

domingo, 9 de outubro de 2011

Bancários em luta...

  O quanto é o bastante?
Em uma época em que celebramos relevantes conquistas sociais, causa-nos estranheza constatar que, em alguns setores da nossa sociedade, ainda existem mentalidades alinhadas com os antigos conceitos e regimes.
Comentários que, inicialmente, poderiam passar como um desabafo de um cidadão comum, denotam, na verdade, uma postura elitista; a visão daqueles que se colocam acima e à parte do que consideram "o resto" da sociedade.
A argumentação, que a princípio pressupõe uma preocupação com o bem estar da coletividade, não se sustenta diante de uma leitura mais atenta. À luz da crítica, descortinam-se os preconceitos.
Com o pretensioso título de Antenado, a pequena nota, publicada por Cesar Romero em sua coluna de 04/10/2011, expõe - teoricamente- a "preocupação social" do colunista, que critica os excessos da categoria bancária no exercício de seu legítimo direito de greve. Estes excessos estariam traduzidos na quantidade de cartazes colados nas agências. Na frase que encerra sua nota, o colunista afirma que: "Como aviso, um cartaz é o bastante." Travestida de preocupação, está a alienação.
Muito distante do universo das colunas sociais, do glamour dos flashes, o trabalhador bancário sofre com excessos muito mais relevantes do que aqueles dos quais, injustamente, foi acusado. Excesso de trabalho, nas agências lotadas de clientes e com poucos funcionários. Excesso de cobranças por metas abusivas, que geram um lucro cada vez mais excessivo para os bancos. Excesso de doenças ocupacionais, de afastamentos por depressão e outras síndromes relacionadas ao estresse. Os clientes, cidadãos comuns, tão distantes também do brilho dos holofotes, sofrem com o excesso de filas, de juros extorsivos, de tarifas escorchantes.
No entanto, a sugestão do Sr. Romero, de que apenas um cartaz bastaria, poderia ter alguma aplicabilidade. Afinal, por mais inútil que uma coisa seja, ela ainda poderá ser de alguma valia. Assim, partindo do pressuposto lançado pelo colunista, questionamos:

Se apenas UM ataque a banco bastaria para que fosse reforçada a segurança nas agências, por que foram contabilizados 838 só no primeiro semestre de 2011?

Se apenas UMA morte nestes ataques bastaria para que TODOS os bancos instalassem portas giratórias em suas unidades, porque foram contabilizadas 34 vítimas fatais nestes ataques, no mesmo período?

Se apenas UMA morte no golpe da saidinha de banco bastaria para que fossem instaladas câmeras de segurança nas calçadas das agências bancárias, por que já foram computadas 21 mortes só no primeiro semestre de 2011?

Se apenas UM suicídio bastaria para que acabassem as pressões por metas abusivas, por que, a cada vinte dias, um trabalhador bancário atenta contra a própria vida em nosso país?

Poderíamos discorrer neste texto sobre inúmeros outros dados estatísticos, que reforçariam ainda mais a propriedade das reivindicações da categoria. E embora consideremos que jamais terá sido dito o bastante, quando o assunto for dar voz aos que não conseguem ser ouvidos, ficaremos por aqui neste artigo. Nos bancos e nas ruas temos trabalho o bastante para nos ocupar. E ainda muitos cartazes para colar.

Robson Marques - Presidente do Sintraf JF
Adriana Bitarello - Diretora de Imprensa e Marketing do Sintraf JF
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