segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A ARTE CONTRA AS INJUSTIÇAS!

 
Marcio Baraldi: sempre me indignei com a miséria e as injustiças!

Por Mônica Simioni do Portal vermelho

Cartunista, chargista, ilustrador e ex-grafiteiro, Marcio Baraldi é um dos mais respeitados profissionais atuantes no mercado. Circulando entre sindicatos, organizações sociais e movimentos, Baraldi acumula quase 20 anos de carreira, nos quais transpôs — com refinado humor — os anseios políticos e culturais do povo brasileiro. Trabalhadores, gays, idosos, crianças, movimento ecológico, de defesa dos animais, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), "sendo causa justa eu apoio", define o cartunista.
No Vermelho já publicamos charges do Baraldi em que o presidente dos Estados Unidos George W. Bush está de olho em Cuba e na Venezuela, denunciando sua política imperialista.
Mas além da abordagem política, outra especialidade de Baraldi é o rock´n´roll. "Sempre fui roqueiro e nessa praia eu nado sossegado. É que nem estar no quintal de casa", conta Baraldi, que está lançando este mês, com o apoio da Rock Brigade, uma das revistas mais antigas e respeitadas do segmento no Brasil e na América Latina, o segundo livro dos personagens "Roko-Loko e Adrina-Lina". O primeiro número saiu no ano passado e foi um tremendo sucesso, dando a Baraldi o prêmio Ângelo Agostini de melhor lançamento e de melhor cartunista de 2003.
"O rock foi um grito primal, espontâneo e necessário para a juventude (...) Veio para mudar o mundo e depois dele, o mundo e a juventude nunca mais foram os mesmos!", afirma o cartunista, que conversou exclusivamente com o Portal Vermelho.

Vermelho – Você começou cedo, grafitando contra a política da secretaria de cultura de Santo André. Como foi que a política entrou na sua vida?
Marcio Baraldi - Entrou cedo e naturalmente. Desde criança eu tinha sensibilidade para os problemas sociais. Lembro que quando era criança pequena eu já me sentia infeliz e revoltado ao me deparar com cenas de miséria e injustiça. Outra coisa que me revoltava profundamente era ver animais sendo maltratados ou mortos estupidamente. Como eu era criança e não podia fazer muito contra essa situação, me debruçava na mesa da cozinha e fazia montes de desenhos de animais se vingando do ser humano [risos].
Esse sentimento me marcou tão profundamente que anos depois, já como profissional, publiquei inúmeros cartuns e HQs [História em Quadrinhos] com o tema dos animais e da natureza se vingando do Homem. Também sempre desenhei para entidades ecológicas e de defesa dos animais. Perdi a conta de quantos desenhos fiz e pra quantas entidades eu desenhei.

Vermelho – Você trabalha para o Sindicato dos Químicos do ABC desde o começo da sua carreira. Como foi parar lá?
Baraldi - Comecei a trabalhar com onze anos de idade. Minha família era uma típica família proletária do ABC e tive que começar no batente bem cedo. Fui entregador de roupas numa lavanderia por muitos anos, depois, por coincidência, descobri que esse foi o primeiro emprego do Lula [presidente Luis Inácio Lula da Silva] também [risos]!
Até que, quando eu estava com uns 14 anos, surgiu a oportunidade de trabalhar no Sindicato dos Químicos do ABC, para montar e ilustrar os boletins e jornais. O sindicato tinha sido pelego na década de 70 inteira e tinha acabado de rolar eleições e uma diretoria combativa, liderada pelo Agenor Narciso, tinha acabado de tomar posse e montou um imprensa comprometida com os trabalhadores.
Eu comecei minha carreira trabalhando nessa imprensa e até hoje continuo lá. Definitivamente minhas raízes estão na imprensa sindical e popular combativa e de esquerda.

Vermelho – Essa convivência no sindicato influenciou de alguma forma o seu trabalho?
Baraldi - Totalmente! Descobri que eu tinha vocação definitiva pra militância política e social. No sindicato eu pude dar vazão aqueles sentimentos de revolta que eu tinha desde criança. Lá eu botava esse sentimento no papel, misturava com um pouco de graça e as pessoas adoravam o resultado. Era o máximo! Era o lugar certo pra mim.
Eu aprendi muito com a imprensa sindical mas também tenho certeza que eu a influenciei muito. Eu me envolvi tanto com ela que praticamente me fundi à ela, lhe dei uma nova cara, a deixei mais dinâmica, colorida e bem-humorada. Acredito ser o cartunista que mais produziu para a imprensa sindical e para os movimentos populares no Brasil. Virei praticamente um patrimônio da imprensa sindical brasileira [risos]!

Vermelho – Existem poucos chargistas que acompanham a política no país como você. E mais difícil ainda, no campo da esquerda. Por que isso acontece?
Baraldi - Se o chargista for um militante de esquerda convicto e trabalhar num jornal grande é bem mais difícil ele colocar o posicionamento ideológico dele nas charges. A grande imprensa tem sua própria ideologia, seus rabos presos, seus patrocinadores,etc, como todos nós sabemos, e é preciso muito jogo de cintura do profissional pra se manter coerente num ambiente desse. Eu, graças a Deus, achei meu lugar cedo na imprensa com a qual eu realmente me identifico ideologicamente, na qual me sinto em casa. Sei que a grande imprensa dá mais visibilidade pro chargista mas eu prefiro trabalhar num lugar menor mas com dignidade e liberdade maiores.

Vermelho – A charge é muitas vezes vista como uma produção artística marginal. Você acha que existe algum tipo de preconceito?
Baraldi - Nunca senti o menor preconceito por parte de ninguém por ter escolhido essa profissão. Pelo contrário, é uma profissão que exige boa cultura, senso de observação apurado, raciocínio rápido, agilidade, psicologia, alem de talento para o desenho e muito bom humor. Além disso é uma profissão muito charmosa ... [risos]
É a profissão que eu amo e nasci pra desempenhar. Só me trouxe alegrias na vida. Através dela conheci muita gente bacana das artes, da política, e pessoas do bem em geral. É uma profissão maravilhosa que te aproxima das pessoas e seu trabalho faz as pessoas se sentirem melhores, levando o senso critico a elas.

Vermelho – Você está lançando a segunda edição da Roko-Loko e Adrina-lina, que é tematizada no rock n" roll. Nunca teve vontade de abordar outros segmentos?
Baraldi - Nestes quase 20 anos de carreira, já desenhei para todos, ou quase todos, movimentos que você puder imaginar. Gays, lésbicas, trabalhadores, idosos, crianças, movimento ecológico, de defesa dos animais, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), sendo causa justa eu apoio.
Dentro da música, já desenhei para revista de pagode, de dance music, tenho personagem rapper... Mas o meu trabalho com o rock n" roll flui muito mais fácil porque eu sempre fui roqueiro e nessa praia eu nado sossegado. É que nem estar no quintal de casa.

Vermelho – Qual é a relação entre o rock e a política?
Baraldi - Total! O rock surgiu nos anos 50 como mais do que uma simples música, era um movimento reivindicatório de mudanças da juventude. A moçada daquela época não podia transar, as garotas tinham que casar virgens, não podiam fumar, beber, não podiam experimentar nada. Fora que não tinham uma música agitada para poderem se identificar, tinham que curtir as mesmas músicas que seus pais! Faltava um grito de liberdade para aquela geração, e o rock foi justamente esse grito. Por isso que as letras de rock sempre falaram tanto de "sexo, drogas e rock n" roll", porque eram justamente os tabus da época, as coisas que a juventude queria fazer, experimentar e não podia devido a moral repressora da época.
Na década seguinte, nos revolucionários anos 60, o rock se casou com a política de vez. Surgiu o movimento hippie, que usou o rock para combater a guerra do Vietnã e pregar seu sonho de paz e amor no mundo! Por isso que o rock nunca morreu, nunca foi uma moda passageira como tantas por aí. O rock foi um grito primal, espontâneo e necessário para a juventude. O rock veio para mudar o mundo e depois dele o mundo e a juventude nunca mais foram os mesmos!

Vermelho – Quando você cria tem essa perspectiva?
Baraldi - Sempre quis fazer cartum que acrescentasse alguma coisa na galera. Não apenas pra entretenimento. Nada contra, mas é a vocação de cada um. Eu gosto de fazer graça, quero que as pessoas se sintam bem. E também quero mexer com a cabeça delas, com um pouco de conteúdo e crítica no meio. Por isso, acabei ficando especialista nisso.
Houve uma época em que eu trabalhei para uma revista erótica. Foram seis anos. Aí, na época do apagão, eu fiz uma tirinha que era assim: o casal tava lá transando. Aí, de repente, apagavam as luzes e entrava um cara segurando uma vela. Aí o casal perguntava:"Ué, que é isso?". Aí ele respondia:"eu sou do Ministério do Apagão, vim segurar vela pra vocês [risos]". E os leitores adoravam, eu recebia muitas cartas.

Vermelho – Na Roko-Loko e Adrina-Lina atacam novamente!, como está inserida essa crítica?
Baraldi - Todas as historinhas foram escritas entre 1999 e 2001, então muitas mencionam o Fernando Henrique [ex-presidente do Brasil que implantou a política neoliberal no país]. Mas tem também a crítica ao conservadorismo, à industria cultural... Por exemplo, na primeira historinha, "O Nome da Rosa", a Adrina-Lina é atacada pelo cardeal Ratozinger, que é uma paródia do cardeal Ratzinger, que escreveu um livro em que satanizava o rock e retomava os valores mais conservadores da igreja, principalmente contra a mulher. Por isso, ela é perseguida e vai ser queimada numa fogueira. E quando o cardeal manda seu dragão atacar, ele tem três cabeças: o moralismo, a repressão e a hipocrisia.
Tem uma outra história que também é baseada em fatos reais: "À mestra com carinho". Essa tem uma personagem que é uma general, a Dona Sapatuskas, que era uma paródia de uma professora que escrevia pra Rock Brigade irada, dizendo que o rock era prejudicial a saúde dos jovens, que a gente tinha que ouvir era MPB. Aí tivemos meses de polêmica porque tinha os leitores, e até outros professores, que escreviam pra dizer que ela era maluca e defendiam o rock. E a gente publicava tudo. Aí, pra encerrar a novela eu bolei essa historinha. E ela dizia nas cartas que a gente devia ouvir só Vange Leonel, Angela Rô Rô, que são cantoras lésbicas, por isso, no final ela vai embora com uma delas.
Tem outra que chama-se "Raiva contra a Máquina", que é um esquema pra transformar a música sertaneja de qualidade, a caipira, essas que sempre foram boas, em porcarias só pra vender mais.
É a minha maneira de fazer a crítica, e funciona. A garotada gosta de rock e também curte essa linguagem. É isso que eu faço e o pessoal se amarra.

Vermelho – Para os jovens que gostariam de seguir a carreira de cartunista, o que você sugere?
Baraldi - Primeiro lugar, gostar muito do que faz. Segundo, desenhar muito, o tempo inteiro pra desenvolver o traço, não largar os estudos nunca e meter a cara no mercado de trabalho o quanto antes. Saber ser humilde e começar de baixo. Foi assim que eu fiz. Se deu certo pra mim, vai dar pra você também.

entrevista concedida para site www.vermelho.org.br em agosto/2004
    

domingo, 4 de dezembro de 2011

NOTA DE PESAR DO LULA PELA MORTE DE SÓCRATES

 São Paulo, 4 de dezembro de 2011
“O Doutor Sócrates foi um craque no campo e um grande amigo. Foi um exemplo de cidadania, inteligência e consciência política, além de seu imenso talento como profissional do futebol.
A contribuição generosa de Sócrates para o Corinthians, para o futebol e para a sociedade brasileira jamais será esquecida. Neste momento de tristeza, prestamos solidariedade a esposa, familiares e amigos do Doutor.
Luiz Inácio Lula da Silva,Marisa Letícia e familiares”

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

SOMOS FORTE,SOMOS CUT,SOMOS CHAPA 2...

Os Compromissos da CUT com a classe trabalhadora:

- Desenvolver, organizar e apoiar todas as ações que visem a conquista de melhores condições de vida e trabalho para o conjunto da classe trabalhadora da cidade e do campo;

- Lutar para a superação da estrutura sindical coorporativa vigente, desenvolvendo todos os esforços para a implantação de sua organização sindical baseada na liberdade e autonomia sindical;

 - Lutar pelo contrato coletivo de trabalho, nos níveis geral da classe trabalhadora e específico, por ramo de atividade profissional, por setores, etc.;

- Apoiar as lutas concretas do movimento popular da cidade e do campo, desenvolvendo uma relação de unidade e autonomia de acordo com os princípios básicos da Central;

- Defender e lutar pela ampliação das liberdades democráticas como garantia dos direitos e conquistas dos trabalhadores e de suas organizações;

- Construir a unidade da classe trabalhadora baseada na vontade, na consciência e na ação concreta;

- Promover a solidariedade entre os trabalhadores, desenvolvendo e fortalecendo a consciência da classe, em nível nacional e internacional;

- Defender o direito da organização nos locais de trabalho, independentemente das organizações sindicais, através das comissões unitárias, com o objetivo de representar o conjunto dos trabalhadores e dos seus interesses;

- Lutar pela emancipação dos trabalhadores como obra dos próprios trabalhadores, tendo como perspectiva a construção da sociedade socialista.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A importância de um Sindicato Forte e atuante...


Até pouco tempo atrás, atuação das Entidades Sindicais no âmbito judicial para a defesa dos interesses de seus associados, se restringia às situações especialíssimas e não surtia os efeitos desejados.

Contudo, após uma completa alteração no pensamento dos operadores do direito e, por conseqüência, o cancelamento da súmula 310 do Tribunal Superior do Trabalho, que restringia as hipóteses da utilização da substituição processual, a possibilidade de atuação das Entidades Sindicais em defesa dos interesses dos trabalhadores se viu consideravelmente ampliada.

Inicialmente, deve-se ter em mente que a substituição processual, nada mais é que a possibilidade da Entidade Sindical pleitear em nome próprio um direito alheio, ou seja, a possibilidade, por exemplo, de uma Entidade Sindical pleitear judicialmente o pagamento do Adicional de Periculosidade para determinada categoria de empregados, ou mesmo, o adicional noturno não pago a uma outra parcela de empregados.

Não se deve olvidar que a vantagem ocasionada pela utilização deste procedimento é enorme para os trabalhadores, vez que em um primeiro momento, não irão aparecer efetivamente na relação processual, o que o evitará consideráveis problemas, tais como, "marcações" e "perseguições" de empregadores, fatos comuns, em se tratando de reclamatórias trabalhistas.

Assim, é importantíssimo que as Entidades Sindicais desempenhem uma efetiva atuação na detecção de eventuais pendências trabalhistas em sua categoria, utilizando para isso, o procedimento da substituição processual o que, atualmente, representa o melhor, menos prejudicial e mais aconselhável meio jurídico para a efetivação da justiça e proteção dos direitos de seus associados.

Fonte:site:www.jurisway.com.br, e a autoria (Leonardo Tadeu).

CSEs na categoria química do ABC...

 
O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região adota desde 2007 em sua direção o modelo de representação dos Comitês Sindicais de Empresa (CSEs), que representa atualmente um dos mais modernos e eficientes modelos de representação dos trabalhadores e trabalhadoras no chão de fábrica.
Criado no ABC Paulista, os CSEs também foram implantados por sindicatos como os de Salto e Sorocaba em suas bases e já existe consenso entre as principais centrais sindicais de que os CSEs representam o futuro da relação Capital – Trabalho no Brasil.
 
A implantação dos CSEs em Taubaté veio de uma resolução do 3º Congresso dos Metalúrgicos de Taubaté, realizado em 2004, e concretizada em 2007 com a eleição da primeira gestão dos Comitês nas empresas da base.
 
O CSE é eleito a cada 3 anos no pleito sindical pelos trabalhadores sócios da entidade, e o número de integrantes do Comitê depende do número de trabalhadores na empresa. Os integrantes eleitos para o CSE integram a Direção Plena do Sindicato.
No 2º turno da eleição sindical, os representantes eleitos para os CSEs compõem a chapa que vai concorrer à Direção Executiva, ao Conselho da Executiva e ao Conselho Fiscal da entidade.
 
Os membros do CSE representam o Sindicato no chão de fábrica, aproximando o trabalhador de seu representante, ouvindo suas reivindicações e buscando soluções para os problemas do dia a dia na empresa.
Os Comitês Sindicais de Empresa surgiram do conceito das Comissões de Fábrica criadas nas décadas de 70 e 80 ainda na Ditadura, quando a maioria dos Sindicatos estavam sob intervenção do Governo Militar e os dirigentes sindicais afastados do chão de fábrica.
 
Um projeto de lei da CUT (Central Única dos Trabalhadores) pretende fazer com que o modelo dos CSEs também seja aplicado a outros setores da economia nas relações trabalhistas.
O projeto de lei visa à regulamentação dos CSEs, que hoje são implantados através de acordo entre o Sindicato e as empresas que implantam o comitê.
 
O projeto de lei dos CSEs foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo presidente do Sindicato, Isaac do Carmo, em 2009 durante solenidade realizada no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
É consenso entre as principais lideranças do movimento sindical, que nas empresas onde funciona o modelo dos CSEs a relação com os trabalhadores é muito eficiente, desde a atuação na resolução de questões pontuais no chão de fábrica, até na negociação de acordos coletivos e negociações de PLR (Participação nos Lucros e Resultados dos Trabalhadores).
 
Hoje na base metalúrgica de Taubaté e Região existem 19 Comitês Sindicais de Empresa e o Comitê Sindical dos Metalúrgicos Aposentados, que contam ao todo com 107 dirigentes sindicais, garantindo representatividade para a categoria e promovendo uma integração cada vez maior do Sindicato com a sociedade, através de ações sociais como as campanhas do Agasalho e do Natal sem Fome e a busca de políticas públicas de segurança, educação e lazer visando melhorar a qualidade de vida da população.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Tempos de paz e esperança,no ABC...


"Temos de aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como loucos"
  (Martin Luther King)

Infelizmente, a História transforma algumas pessoas em oprimidas e outras em opressoras. E há três formas pelas quais os indivíduos oprimidos podem lidar com a opressão. Uma delas é se levantar contra os opressores com violência física e ódio corrosivo. Mas este não é o caminho. Pois o perigo e a fragilidade deste método são sua futilidade. A violência cria mais problemas sociais do que soluções. Como disse várias vezes, se o negro sucumbir à tentação de usar a violência em sua batalha, as gerações que ainda não nasceram receberão uma longa e desoladora noite de amargura, e nosso principal legado ao futuro será um eterno reinado de caos sem sentido. A violência não é o caminho (...). Então nesta manhã, enquanto olho em seus olhos e nos olhos de todos os meus irmãos do Alabama e de toda a América e do mundo, digo a vocês: 'Eu te amo. Prefiro morrer a odiá-lo'. Sou tolo o bastante para crer que, através do poder deste amor, até os homens mais inflexíveis serão transformados. E aí estaremos no reino de Deus. Poderemos nos matricular na universidade da vida eterna, pois teremos o poder de amar nossos inimigos, abençoar as pessoas que praguejaram contra nós, até decidirmos ser bons com as pessoas que nos odiavam, até rezarmos pelas pessoas que nos usaram."

(Discurso de Martin Luther King "Amar seus Inimigos, Montgomery, 17 de novembro de 1957)

domingo, 27 de novembro de 2011

Primavera Árabe no Sindicato dos Químicos do ABC...


Somos um Movimento de trabalhadores que defende a Renovação da direção do Sindicato dos Químicos do ABC,e a Valorização das Representações nos locais de trabalho dentro das fábricas químicas do grande ABC.
Este movimento surgiu da necessidade de resgatar o espiríto combativo e as bandeiras históricas do movimento sindical.
Nosso Sindicato dos Químicos do ABC,completou no último dia 08/10/11,73 anos de existência e um longo histórico de lutas em defesa do meio ambiente,saúde e na defesa dos direitos da classe trabalhadora.
Nosso Sindicato representa mais de 40 mil trabalhadores(as) na base,dos quais mais de 70% são constituídos de jovens e mulheres trabalhadoras,que carecem de atendimento e apoio.
É também o único sindicato da região com representação nas 7 cidades do Grande ABC.
Hoje nossa categoria química se encontra desassistida,sem médicos para atender a categoria e com um departamento jurídico terceirizado,projetos importantes como o projeto Alquimia foram abandonados pela atual direção,atualmente temos vários modelos ultrapassados de representação no local de trabalho,que vão desde da figura do antigo Delegado Sindical,Cipa,Sur,Olts e Comissão de Fábrica,e o que é pior todas sem reconhecimento juridíco,deixando muitas vezes os representantes eleitos democraticamente pelos trabalhadores sem a devida estabilidade e garantia para cumprirem o seu papel dentro das fábricas.
Durante a Conferência sobre o futuro da indústria Química em 2020,onde as maiores OLTS da categoria não foi convidada,conferência essa finalizada a portas fechadas pelo Sindicato ,durante os meses de Agosto e Setembro de 2011.Nós do Movimento de Trabalhadores Químicos do ABC (MTQ-ABC) nos posicionamos e iniciamos um amplo debate junto os trabalhadores(as),envolvemos todas as representações nos locais de trabalho,conversando de porta em porta de fábrica nas sete cidades do grande ABC,ouvindo os anseios e as sugestões dos trabalhadores(as)constatamos um situação de abandono por parte da atual direção do Sindicato  e assim juntos,de mãos dadas com a peãozada contruímos a quatro mãos várias propostas vindas do chão de fábrica,de dentro das maiores e mais representaivas OLTS,com três pilares de sustentação Renovação,Coragem e Luta.
A partir ´daí, formamos uma grande corrente de trabalhadores(as),uma verdadeira primavera árabe (Isso mesmo primavera,formada durante os meses de Agosto e Setembro) que irá mudar os rumos deste tão importante Sindicato dos Químicos do ABC,e entregar este sindicato para as mãos dos trabalhadores(as).
Defendemos uma proposta de renovação dentro do campo da CUT,seguindo os principíos de nossa central,onde jovens,mulheres e negros sejam de fato representados,uma proposta de Valorização das Representações nos locais de trabalho,que traga uma modernização nas relações trabalhistas,iniciando um amplo debate junto aos trabalhadores sobre a implantação dos CSES (Comitês Sindicais por Empresas dentro do Ramo Químico do ABC) aumentando assim a representatividade dentro das fábricas químicas da nossa categoria e proporcionando amparo jurídico para as empresas e para os representantes eleitos pelos trabalhadores.
Só pedimos uma coisa que a vontade dos trabalhadores(as) seja respeitada durante o processo eleitoral nos dias 13,14 e 15 de Dezembro de 2011,e para isso valer na prática solicitamos o acompanhamento do Ministério Público do Trabalho, Justiça do Trabalho e de todos os trabalhadores(as) desta categoria.
Portanto seguimos firmes e botamos fé no poder do diálogo,buscando e acreditando na unidade da classe trabalhadora,somos trabalhadores(as),que acreditam verdadeiramente que "UM NOVO RUMO É POSSÍVEL,PARA OS TRABALHADORES(AS) QUÍMICOS DO ABC ! VOTE CHAPA 2!!!
 MTQ-ABC-Movimento de Trabalhadores(as) Químicos do Grande ABC

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

China,cresce os protestos dos trabalhadores....


Aumentaram nos últimos dias os protestos contra as condições de trabalho em fábricas na China que fornecem produtos para grandes marcas internacionais, segundo relatos do site China Labor Watch (CLW).
Funcionários da Jingmo, que produz para Apple, IBM, LG e outras, afirmam que foram convocados para trabalhar das 18h à 0h, em alguns casos, ou às 2h, em outros. Essa carga horária seria adicionada à atual rotina, em que o expediente é das 7h às 11h30 e depois das 13h às 17h. A notícia foi indicada por Alcides Leite, colaborador do Radar Econômico.

Veja alguns casos de protestos, segundo relatos da CLW.

Top Form Underwear
Fabrica para: Calvin Klein e Maidenform
Local: Shenzhen
Situação: 400 trabalhadores pararam dia 21
Motivo: Alta carga horária (chega a 300 horas por mês em épocas de pico), baixos salários (US$ 314 para essa caraga horária) metas inatingíveis e desrespeitos verbais frequentes por parte da gerência

Jingmo Electronics Corporation
Fabrica para: Apple, IBM, LG e outras
Local: Shenzhen
Situação: 1 mil entraram em greve dia 22
Motivo: Empresa decidiu que alguns funcionários trabalhariam até 0h ou 2h, sendo que o expediente começa às 7h

Yucheng Shoe Factory
Fabrica para: New Balance, Adidas e Nike*
Local: Huangjiang
Situação: 7 mil fizeram passeata dia 18 e entraram em conflito com a polícia
Motivo: A companhia teria demitido empregados ilegalmente, teria o hábito de desrespeitar funcionários, com abuso verbal. A informação de que Nike e Adidas seriam clientes dessa companhia é do jornal El País

Pepsico China
Fabrica para: Pepsico
Locais: Chongqing, Chengdu e Nanchang
Situação: Funcionários fizeram paralisação dia 14
Motivo: A Pepsico China teria transferido suas operações de engarrafamento à empresa Tingyi. Segundo a China Labor Watch, funcionários da empresa americana teriam seus contratos encerrados e precisariam renegociar as condições de trabalho com a nova engarrafadora.

Fonte: Estadão.com.br - Coluna : Negócios

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Força Lula,estamos com você...

Ator Paulo Betti:

“Torço pelo Lula  como se ele fosse da minha família”

Por: Marcela Rodrigues Silva do
Jornal da Tarde

 Paulo Betti está no ar em dose dupla na Globo. Como o advogado Jonas, da novela das 6 A Vida da Gente, e como o mau-caráter Wanderlei, cúmplice da gêmea má Raquel (Gloria Pires), em Mulheres de Areia (1993), exibida no Vale a Pena Ver de Novo. Da comparação com os personagens de 18 anos de diferença, surge a satisfação com o presente. Aos 59 anos e de bem com as rugas, ele diz que até ficaria nu, novamente, como fez no filme Casa da Mãe Joana (2008). “Meu corpinho estará lá, se for preciso.” Filho de uma líder espiritual, o ator paulista tirou da infância humilde, ao lado de 15 irmãos, a imunidade para os deslumbramentos da fama. Em conversa com o JT, falou sobre a autocrítica que resiste aos mais de 30 anos de carreira, da admiração pelo ex-presidente Lula e da vontade de voltar à militância política.

 
O retorno do público está maior com dois personagens no ar?Muito e pelos dois. Aliás, o Wanderlei, de Mulheres de Areia, é um papel muito bacana, incrível. Eu não tinha essa noção naquele tempo.

O Wanderlei está fazendo mais sucesso do que o Jonas então?
Não. O Jonas é imbatível. A história de ele dar um cheque de R$ 1 milhão para receber o sêmen do irmão mexe com o imaginário. As pessoas adoram essa polêmica. Fazia tempo que não tinha um personagem tão bacana, bem escrito e estruturado. Estou gostando muito.

Assim como o Jonas, você teve filho jovem e depois dos 50 anos. Sente as semelhanças?
A básica é ele ser casado com uma moça jovem. Eu tive um filho – hoje, com 8 anos –, com uma mulher mais nova (a atriz Maria Ribeiro, de 36 anos). São situações parecidas, porque a novela é muito realista. Mas não sou igual a ele. Eu me dou muito bem com as minhas ex-mulheres e meus filhos.

Vê diferença na qualidade das novelas de antes e agora?
Acho que a Globo sempre fez novelas com o melhor da qualidade do momento, mas uma novela depende muito de dramaturgia, do texto. Se ela é bem escrita, é boa em qualquer época. E existiam algumas péssimas lá atrás.

Aos 59 anos, sente que a carreira mudou em termos de personagens? Os convites diminuíram?
Não. Foram os papéis que mudaram. Em Mulheres de Areia, por exemplo, eu fazia o namorado da menina má. Hoje, faço o pai e o avô. Fiquei fora da TV, porque estava focado em fazer meus filmes como diretor e produtor. Agora, fiquei com vontade de desenvolver o lado ator. E o fato de eu estar no teatro (com a peça ‘Deus da Carnificina’) potencializa o meu desempenho de ator na novela.

Você gosta de fazer TV e teatro ao mesmo tempo?
O teatro é onde o ator afia sua ferramenta de trabalho, que é seu corpo. Deixa ele tinindo.
 
Como sua carreira começou?
Comecei muito jovem, no teatro amador, em Sorocaba (SP). Depois, fiz Escola de Arte Dramática, da USP e fui até professor de teatro na Unicamp. Quando comecei a fazer novela na Tupi e na Globo, já tinha 30 anos.

Você teve a fase da curtição, do deslumbramento?
Não. Sempre fui trabalhador demais para ser deslumbrado. O teatro não dá essa abertura. Cheguei à Globo maduro, já estabelecido como ator e não tive deslumbre com a televisão.

Sua mãe teve 15 filhos. Passou dificuldades na infância, em Sorocaba?
Minha mãe cuidou bem de todos. Ela era líder espiritual na cidade. Meu pai era muito humilde. Estudei em escolas públicas ótimas, fiz ginásio técnico industrial de alta qualidade. Era uma pobreza bacana, ligada à natureza. Não tínhamos excesso, mas o suficiente para uma infância feliz.
 
E você tem religião?
Sou ecumênico. Fui batizado e me crismei na Igreja Católica. Mas admiro o sincretismo religioso da umbanda, a pureza mitológica do candomblé, o budismo e a Congregação Cristã no Brasil. Como diria Guimarães Rosa, bebo de todas estas águas.

Você sempre demonstrou carinho pelo Lula. Como reagiu à notícia da doença dele?
Fiquei muito emocionado quando soube, como se fosse um irmão. Acho que todos os brasileiros sentiram isso. Eu tive a oportunidade de estar com ele algumas vezes e o admiro muito mesmo. Torço por ele como se fosse alguém da minha família.

Atrapalhou você profissionalmente ter ido à mídia opinar a favor dele e do PT?
Toda ação tem uma reação. Evidentemente, quando me envolvi com algum aspecto polêmico, isso me prejudicou. Às vezes, você se coloca numa situação de forma impensada. Não tive prazer nenhum nos momentos polêmicos políticos pelos quais passei.

Arrependeu-se?
Não. Mas faria diferente, teria mais cuidado com as palavras.
Em 1989, você ajudou a produzir o clipe do jingle ‘Lula Lá’, com o Odair José. Quando se interessou por política?
Quando cheguei à Escola de Arte Dramática, em 1972, havia um clima de repressão. Como eu era um jovem que vinha de uma família de lavradores, sentia vontade de ajudar a derrubar o regime militar. Por volta da década de 80, eu estava doido para que aparecesse alguém que me representasse. Aí, apareceu o PT e me identifiquei. Eu me orgulho desse vídeo.

Por que está distante hoje?
Hoje, o quadro político é mais diversificado. Não é preciso concordar com todas as teses do partido, nem ficar ajudando a fortalecê-lo. A militância é mais pontual. Estou distante, mas ainda crítico.

Pretende voltar a militar? Nas próximas eleições, por exemplo?
Em alguns momentos, a coisa fica tão quente, que fico doido para entrar em campo e militar de novo. Geralmente, isso acontece em período de eleição presidencial. Fico doido para ajudar a eleger aquele que acho mais importante e me acende a gana de participação política. E se a conjuntura for estimulante, participarei sim.

Já ficou constrangido em cena?
Às vezes, minha atuação sai tão ruim que me sinto constrangido, mas nunca pela cena em si. E com essa palavra parece que fui obrigado a fazer algo que não queria. Acho que, neste caso, é decepção.
Não pensei em ouvir isso de um ator tão experiente. É crítico?
Demais. Na maior parte das vezes, não gosto do que vejo. Mas se as pessoas gostam… É que eu vejo os meus andaimes. É como um pintor que usa traços para fazer seu desenho e depois apaga para ficar perfeito. Eu vejo estes traços. Mas depois o tempo passa, assisto de novo e acabo gostando.

Em ‘Casa da Mãe Joana’ (2008), você ficou nu. Faria de novo?
Quando a gente entra na escola de teatro, uma das primeiras lições é que o corpo é o instrumento de trabalho. As pessoas acham um escândalo um professor fazer os alunos ficarem nus. É natural. O ator utiliza o corpo para representar papéis, com ou sem roupa. O filme é incrível. Vai ter o 2 e, se for necessário, meu corpinho estará lá.

Você é vaidoso? O que acha dos atores que fazem plástica?
Sou, mas me cuido para ser saudável. Cada um faz o que quer com o corpo. O ator tem de ter cuidado. Se dá errado, perde a expressão. Estou satisfeito com as minhas rugas. Preferia não tê-las, mas a vida é isso, o tempo passa.

domingo, 13 de novembro de 2011

Violência contra a mulher,nunca mais...

25 de novembro: Dia internacional pelo fim da violência contra a mulher.

O sequestro e a morte de Eloá foi mais um exemplo dramático da violência de gênero que nos coloca a necessidade de reforçar a mobilização no dia 25 de novembro: Dia internacional pelo fim da violência contra a mulher.
A morte da adolescente Eloá, de apenas 15 anos de idade, que foi vítima do ciúme e do sentimento de posse do ex-namorado Lindemberg, se transformou em mais um caso de violência contra o sexo feminino, que infelizmente não é um fenômeno raro e isolado, mas algo generalizado e que traz enomes prejuízos para as pessoas, as comunidades e o país. Segundo a mãe de Eloá: "Ele a tratava como uma boneca, era propriedade dele. Ele disse que se ela não fosse dele não seria de mais ninguém".
 
Alguns dias depois do caso Eloá, um outro jovem da mesma idade de Lindemberg, Daniel Pereira, matou a ex-namorada Camila Araújo, de 16 anos, na frente de um bebê de menos de 2 anos, filho dos dois. No dia 24 de outubro, um homem de 46 anos atirou contra sua mãe, sua esposa, os três filhos e depois se suicidou, no Centro de Franca. No dia 25 de outubro, no bairro de Pau de Lima, em Salvador, o mecânico Genivaldo Pereira, de 20 anos, manteve sob sequestro, por mais de 12 horas, a ex-namorada Driele Pitanga Santos, de 18 anos, grávida de oito meses. Neste caso o agressor libertou a refém e não ofereceu resistência à ação policial e não negou o crime.
 
Mulheres vítimas da violência de gênero fazem parte de uma triste realidade no Brasil há muito tempo. Por exemplo, o assassinato da jornalista Sandra Gomide pelo diretor de redação de O Estado de São Paulo, Antônio Pimenta Neves, mostra que a violência contra a mulher atinge todas as classes sociais e estratos educacionais. Pimenta Neves se achava dono da vida de Sandra pois foi ele quem a contratou e a promoveu. A morte da jornalista foi o desfecho trágico de uma série de violências que começou com a demissão, as ameaças, a perseguição e a intimidação. Ele a considerava sua posse e sua presa e não admitia que ela pudesse ter uma vida independente e livre. Crimes como este são comuns e a impunidade faz com que se reproduzam nas relações contidianas e se perpetuem ao longo das décadas.
 
Mas além destes atos criminosos, a violência contra a mulher ocorre de várias formas:
 
·        No mercado de trabalho as mulheres estão, na média, em piores ocupações e auferem menor remuneração; são discriminadas nos processos de admissão, promoção, capacitação e ocupação de cargos de chefia; sofrem com o assédio sexual e o constrangimento sexual por parte de seus superiores hierárquicos.
·        As mulheres são as principais vítimas da violência ocorrida no âmbito doméstico. As lesões corporais produzidas por agressões físicas (socos, bofetões, pontapés e objetos que machucam) são a principal queixa das mulheres, seguidas das ameaças de morte e outros danos, pelo estupro (quando a mulher ou mesmo esposa é obrigada a manter relações sexuais sob ameaça ou violência) e o atentado violento ao pudor.
·        A violência sexual se dá através de atos libidinosos, atentado ao pudor, sedução e abuso sexual que, podem não deixar marcas físicas, mas podem deixar seqüelas psíquicas irreversíveis. As crianças são as principais vítimas da violência sexual no âmbito doméstico, das práticas de pedofilia ou dos casos de prostituição infantil, quando as meninas são sexualmente exploradas, gerando lucros para uma ampla rede de cafetões.
 
A violência de gênero é um problema não só brasileiro, mas mundial, que atinge as mulheres independentemente da idade, cor, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual ou condição sexual. A violência contra a mulher tem um efeito social perverso, pois afeta o bem-estar, a segurança e o crescimento pessoal e auto-estima feminina.
 
Para dar maior visibilidade ao tema, o dia vinte e cinco de novembro foi definido como Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher. A data foi instituída durante o 1º Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe (Bogotá, 1981) e reverencia a memória das irmãs Mirabal, brutamente assassinadas na República dominicana durante o regime do ditador Trujillo, em 1960.
 
Para que o dia 25 de novembro – Dia internacional pelo fim da violência contra a mulher – não passe em brancas nuvens é preciso uma tomada de consciência e uma mobilização nacional para combater a epidemia da violência. É preciso, por exemplo, colocar em prática e tornar efetiva a Lei Maria da Penha em todo o território nacional. Mas antes de tudo, é preciso mudar a cultura machista e combater as desigualdades de gênero em todos os seus aspectos.

Exterminem a todos os selvagens...

Artigo de Mariano Vázquez sobre o imperialismo e suas atrocidades

Escrito por: Crônicas de este mundo


Já não se fala de Kadafi. Foi assassinado por uma turba. Como memória de séculos, certa parte do mundo parece apontar seu curso de atrocidades para os mais faltosos com sua própria insígnia. Deem uma passada de olhos e vejam o catálogo de horrores dos “civilizados”.
Tiro da estante um de meus livros favoritos. O coração das trevas (1899), de Joseph Conrad, escrito ao calor do colonialismo belga no Congo. O conceito é simples: o direito das “raças superiores” a aniquilar às “raças inferiores” sem piedade nem consciência alguma. “Exterminai a todos os selvagens”, delira Kurtz. O direito divino de matar. A Europa “iluminada” que exterminou a povos inteiros de todas as latitudes, dos quatro continentes, em nome da civilização. Os afãs de riqueza inventaram justificativas políticas, filosóficas e científicas para endossar o extermínio massivo de todos os “selvagens”.
Amigo de Conrad, admirado por ele, Cunninghame Graham, escritor escocês de ideias socialistas, escreveu em 1898: “Independentemente de como atuemos pareceria que tão somente com nossa presença nos tornamos uma maldição para todos os povos que conservaram sua humanidade original”.
Sobram os exemplos: guanches, benianos, derviches, tasmanianos… O carimbo de exterminados caiu sobre suas culturas.
Como as marcas obscuras da colonização americana. Conquistar, roubar, matar, escravizar. Uns 70 milhões de habitantes havia na América até a chegada de Colombo. Cifra similar na Europa. Nos 300 anos seguintes a população do velho continente cresceu até 500%; a originária destas terras decresceu até 95%.
As técnicas de extermínio: Matança,fome, enfermidades, trabalho forçado.
Séculos e séculos depois, as novas organizações legitimadoras das cruzadas neocoloniais seguem sua faina. O Conselho de Segurança da ONU e seu braço armado, a OTAN, se jogaram rapidamente sobre a Líbia, a bombardearam sem piedade durante sete meses, até que em 20 de outubro conseguiram levantar o troféu mais apreciado: a cabeça de Muamar Kadafi. Um par de dias antes, a secretária de Estado norte-americano, Hillary Clinton, esteve em Trípoli e anunciava premonitoriamente que seu país queria o líder líbio “vivo ou morto”.
Kadafi o disse. Ele ia morrer combatendo apesar da descomunal força que se abateu sobre seu país. Cumpriu sua palavra. Como cachorro sarnento foi chutado e arrastado. Em sua terra natal. Em sua cidade de nascimento. Em Sirte. Um avião de combate francês Rafale, e um Predator norte-americano dispararam contra o comboio no que dizem que fugia, depois das forças especiais do Catar o entregarem na bandeja a uma turba de mercenários do Conselho Nacional de Transição líbio (CNT), que o golpeou até desfigurá-lo e logo lhe disparou na face. Sangue muito frio. Imagens pornográficas transmitidas pelas cadeias mundiais de televisão. A “justiça” imperial atua assim. Os portadores da luz. A democracia de manual.
Quando o butim é suculento há um só plano: o desejo do forte. Porque isso se sabe de antemão: a lei é para regular e submeter ao fraco.
Disse Hannah Arendt, em seu livro As origens do totalitarismo (1951): “O imperialismo necessita do racismo como a única desculpa possível de seus atos. Terríveis massacres e selvagens assassinatos no estabelecimento triunfal de tais métodos como políticas exteriores comuns e respeitadas”.
E um pouco mais de cem anos Herbert Spencer, em Parasitas Sociais (1850): “As forças que trabalham pelo resultado feliz do grande projeto não têm nenhuma consideração com os sofrimentos de menor importância, exterminam a estes setores da humanidade que estorvam em seu caminho”.
O historiador Sven Lindqvist, inspirado também em Conrad, liga o ventilador em Exterminai a todos os brutos: “A destruição europeia das ‘raças inferiores’ de quatro continentes abriu o caminho para que Hitler aniquilasse a seis milhões de judeus. A expansão mundial europeia acompanhada de una desavergonhada defesa do extermínio, criou hábitos de pensamento e precedentes políticos que abriram caminho para novas atrocidades”.
À sombra das palmeiras(1907) foi escrita por Edward Wilhelm Sjöblom, sobre sua experiência no Congo em 1892. Disse sobre os negros: “O melhor deles é apenas bom para morrer como um porco”.
Voltemos a Lindqvist: “No meio do século XIX começaram os barcos a vapor a levar canhões europeus ao interior da Ásia e da África. Com eles se iniciava uma nova época na história do racismo. Muitíssimos europeus interpretavam esta superioridade militar como uma superioridade intelectual ou, ainda, biológica”.

Balas e canhões: a guerra asséptica
O horror do fogo chegando desde o mar. As canhoneiras rugem desde o mesmísssimo inferno. O descreve Conrad em sua obra Um vagabundo das ilhas (1896): “A terra está escorregadia de sangue, as casas estão em chamas, as mulheres gritam, as crianças choram, os moribundos arquejam buscando ar. Morrem desvalidos, golpeados, antes de haver podido enxergar os seus inimigos”.
Se pergunta Lindqvist: “Que sentia o rei de Benin quando era perseguido nos bosques como um animal selvagem, enquanto sua capital estava envolta em chamas? Que sentiu o rei Ashante quando, arrastando-se, se aproximava das caixas de biscoitos para beijar as botas dos senhores britânicos? Ninguém lhe perguntou. Ninguém escutou aos que haviam sido submetidos pelos deuses das armas. Somente, alguma rara vez, lhes ouvimos dizer algo”.
A voz que ouvimos hoje é a uniformidade do poder. Cuidado, haverá novas notícias na hiperdemocracia imperial. Objetivo: Irã. O novo fetiche-obstáculo a exterminar. Novos selvagens devem desaparecer da face da terra. A luminária ocidental está focada na Ásia.

Pós data:
Para os europeus colonizadores da África os negros eram cachorros. Cães fracos de costelas ondulantes. Cães que nem porcarias mereciam comer. Matar a um cachorro não era delito, nem condenável. Era normal e necessário. Cães, negros. Negros, cães. Somabulano, líder africano da Rodesia, as terras da África do Sul que hoje se conhece como Zâmbia ou Zimbábue, disse em 1896: “Vocês chegaram. Vocês triunfaram. Os mais fortes tomam o país. Nós aceitamos seu domínio. Vivemos submetidos a vocês. Porém não como cães. Se temos que ser cães é melhor morrer. Nunca conseguirão converter a Amandabele em um cão. Podem nos eliminar, porém os filhos das estrelas jamais seremos cães”.
Tradução: Leonardo Severo-Fonte:Site da CUT SP

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Terceirização,diga não !

Entidades sindicais lançam Fórum de Combate à Terceirização dia 17 de Novembro de 2011 em Brasília

Fonte:SMABC

A Terceirização tem causado impactos perversos no mercado de trabalho brasileiro e a eminência de aprovação na Câmara dos Deputados de projetos de Lei que aprofundam este cenário, resultando na regulamentação na precarização  das relações e condições de trabalho.
Diversos setores da sociedade se unirão visando inverter este processo e compor um espaço de articulação de ações que impeçam a institucionalização da precarização do trabalho no país.

No dia 17 de Novembro de 2011, às 10h, no Plenário 9, Anexo II, Corredor das Comissões, Câmara dos Deputados, em Brasília, será criado o Fórum Nacional de Combate a Terceirização e lançamento do Manifesto em defesa dos direitos dos trabalhadores(as) ameaçados pela Terceirização.
Neste sentido, convidamos a todas as pessoas e entidades da sociedade que entendem que o desenvolvimento econômico e social do país deve ser acompanhado do aprofundamento da democracia e dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras a estar presente no dia, compondo o Fórum e assinando o Manifesto.

Saudações,

CUT – Central Única dos Trabalhadores
DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
CESIT – Centro de Estudos Sindicais e da Economia do Trabalho
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

Fonte:CUT Nacional

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Luta internacional dos Trabalhadores...

Fonte:ABCDmaior/ autor: Eduardo

A remuneração média mensal do trabalhador metalúrgico na região do ABC (São Bernardo do Campo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) é de aproximadamente R$ 5.600,00 – a mais alta do país. Enquanto isso, no Estado de Goiás, esse número cai, espantosamente, para não mais do que R$ 980,00. As montadoras lá instaladas vendem seus produtos, em todo o país, pelo mesmo valor dos que são produzidos na região do ABC. Isto significa que os lucros auferidos pelas metalúrgicas automotivas da região centro-oeste do Brasil são ainda maiores dos que as localizadas no sudeste.
Para equilibrar essa diferença, dentro da atual conjuntura, somente um acordo coletivo nacional poderia nivelar as condições salariais e de trabalho, impedindo assim que as empresas se aproveitem das desigualdades regionais. A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC estão conscientes dessa necessidade que faz parte de suas prioridades atuais de ação.
O mesmo ocorre em nível planetário. As empresas multinacionais estando cada vez mais integradas globalmente e plenamente aptas à atuação em diferentes locais mantêm-se ligadas a redes e mercados de investimento, produção e comércio mundializados. Ou seja, desde os anos 90 e ainda mais hoje, dão preferência em produzir nos países com níveis de vida mais baixos, onde os salários dos trabalhadores e benefícios sociais são muito menores do que os países de capitalismo central onde estão localizadas as suas sedes. Não é, portanto, coincidência o fato de as montadoras atualmente darem preferência à China, México e Índia.
Por exemplo, o custo da mão-de-obra e benefícios sociais para os trabalhadores na Alemanha são substancialmente maiores do que nos Estados Unidos. Neste país, por sua vez, os custos estão bem acima do que no México, especialmente depois de sua adesão ao NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio).
Uma forma de ação, possivelmente a única, para dificultar ou talvez até impedir esse tipo de exploração dos trabalhadores nos diferentes países está na atuação sindical internacional.
Um contrato social global seria o ideal para garantir igualdade e assim não deixar espaço para que as empresas multinacionais se aproveitem das diferentes realidades nacionais.
Concretamente os Comitês Mundiais de Trabalhadores e os Acordos Marco Internacionais são alternativas realmente viáveis para a articulação política global dos trabalhadores frente às estratégias planetárias já consolidadas das multinacionais, sempre em busca da maximização de seus lucros.
Em minha próxima coluna, detalharei um pouco o que são os Comitês Mundiais de Trabalhadores e Acordos Marco Internacionais.

sábado, 15 de outubro de 2011

Vários tipos de mulheres.....

Mulheres sustentáveis....

Creio que não podemos falar em mulheres genericamente. De que mulher vamos falar? Das executivas que são diretoras de grandes empresas? Daquelas que conseguiram se destacar na política e chegaram até ao cargo mais alto do país? Daquelas que em várias atividades, lutam para construir um mundo melhor, se posicionando como agentes políticos?

Ou será que falamos daquelas que levam de 2 a 3 horas para ir e vir do trabalho, que não tem com quem deixar seus filhos, que cuidam de tudo sozinhas porque os maridos... Essas ficam com medo da adolescência de seus filhos porque ela vem carregada de ameaças: drogas, violência, armas e falta de oportunidades. Encontramos ainda as que sofrem muita violência doméstica, que nos pedem ajuda também para os homens, para que possam melhorar a qualidade de vida. Algumas perdidas na zona rural ou ribeirinhas que vivem situações de violência doméstica em localidades sem qualquer apoio.

Ou falaríamos da novíssima geração, essa sim, contaminada pelos novos tempos que se anuncia que proíbem ou controlam a TV para seus filhos, insistem em novos hábitos alimentares, lêem rótulos de alimentos e remédios, que controlam o consumo do supérfluo? Sonham com as ecovilas, tentam reciclar o lixo em suas casas, para nada (os condomínios e prefeitos não fazem sua parte), têm filhos de parto normal, e escolhem amamentar e amamentar e tentam buscar o difícil equilíbrio entre o profissional e a família?

Nossa, mas ainda temos tantas outras mulheres! Aquelas que escolhem focar em plásticas, academias, regimes e roupas justas. As hetero e as homossexuais e, claro, as bissexuais. Já temos até uma parcela que escolhe viver só, sem filhos.
Além disso, ainda temos as que estão mudando o sentido do que se convencionou chamar de velhice, as mesmas que começaram a revolução, lá atrás. Muitas na mesma luta para construir novos tempos.

Um perigo falar de mulheres. Somos o que somos, o que escolhemos, o que pensamos ou queremos ser. Pelo menos fica claro o que conquistamos, temos muito mais direito de escolha. Nunca em nenhum outro momento da civilização as mulheres foram tão diversas. Uma coisa, no entanto, não mudou, a nossa capacidade de influenciar a educação de futuras gerações, ao contrário, ela só aumentou. A pergunta que fica é o que fazemos com esse nosso poder influenciador para manter nossa casa azul e solta no universo, respirando? Será que daqui a, sei lá, 20 anos, vamos ter uma revolução do feminino, onde homens e mulheres vão redescobrir o sentido da palavra proteger?

Nádia Rebouças é especialista em Comunicação para a Sustentabilidade e sócia da Rebouças & Associados.

domingo, 9 de outubro de 2011

Bancários em luta...

  O quanto é o bastante?
Em uma época em que celebramos relevantes conquistas sociais, causa-nos estranheza constatar que, em alguns setores da nossa sociedade, ainda existem mentalidades alinhadas com os antigos conceitos e regimes.
Comentários que, inicialmente, poderiam passar como um desabafo de um cidadão comum, denotam, na verdade, uma postura elitista; a visão daqueles que se colocam acima e à parte do que consideram "o resto" da sociedade.
A argumentação, que a princípio pressupõe uma preocupação com o bem estar da coletividade, não se sustenta diante de uma leitura mais atenta. À luz da crítica, descortinam-se os preconceitos.
Com o pretensioso título de Antenado, a pequena nota, publicada por Cesar Romero em sua coluna de 04/10/2011, expõe - teoricamente- a "preocupação social" do colunista, que critica os excessos da categoria bancária no exercício de seu legítimo direito de greve. Estes excessos estariam traduzidos na quantidade de cartazes colados nas agências. Na frase que encerra sua nota, o colunista afirma que: "Como aviso, um cartaz é o bastante." Travestida de preocupação, está a alienação.
Muito distante do universo das colunas sociais, do glamour dos flashes, o trabalhador bancário sofre com excessos muito mais relevantes do que aqueles dos quais, injustamente, foi acusado. Excesso de trabalho, nas agências lotadas de clientes e com poucos funcionários. Excesso de cobranças por metas abusivas, que geram um lucro cada vez mais excessivo para os bancos. Excesso de doenças ocupacionais, de afastamentos por depressão e outras síndromes relacionadas ao estresse. Os clientes, cidadãos comuns, tão distantes também do brilho dos holofotes, sofrem com o excesso de filas, de juros extorsivos, de tarifas escorchantes.
No entanto, a sugestão do Sr. Romero, de que apenas um cartaz bastaria, poderia ter alguma aplicabilidade. Afinal, por mais inútil que uma coisa seja, ela ainda poderá ser de alguma valia. Assim, partindo do pressuposto lançado pelo colunista, questionamos:

Se apenas UM ataque a banco bastaria para que fosse reforçada a segurança nas agências, por que foram contabilizados 838 só no primeiro semestre de 2011?

Se apenas UMA morte nestes ataques bastaria para que TODOS os bancos instalassem portas giratórias em suas unidades, porque foram contabilizadas 34 vítimas fatais nestes ataques, no mesmo período?

Se apenas UMA morte no golpe da saidinha de banco bastaria para que fossem instaladas câmeras de segurança nas calçadas das agências bancárias, por que já foram computadas 21 mortes só no primeiro semestre de 2011?

Se apenas UM suicídio bastaria para que acabassem as pressões por metas abusivas, por que, a cada vinte dias, um trabalhador bancário atenta contra a própria vida em nosso país?

Poderíamos discorrer neste texto sobre inúmeros outros dados estatísticos, que reforçariam ainda mais a propriedade das reivindicações da categoria. E embora consideremos que jamais terá sido dito o bastante, quando o assunto for dar voz aos que não conseguem ser ouvidos, ficaremos por aqui neste artigo. Nos bancos e nas ruas temos trabalho o bastante para nos ocupar. E ainda muitos cartazes para colar.

Robson Marques - Presidente do Sintraf JF
Adriana Bitarello - Diretora de Imprensa e Marketing do Sintraf JF
Enviado pelo meu aparelho BlackBerry® da Vivo

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

9 trabalhadores morrem por falta de manutenção no elevador...

FONTE:FOLHA DE SÃO PAULO 
Laudo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego da Bahia (SRTE-BA) sobre o acidente com o elevador de um edifício em construção de Salvador, que despencou de uma altura de cerca de 60 metros, matando os nove operários que ocupavam a cabine, em 9 de agosto, apontam que o acidente foi causado por problemas na manutenção do equipamento.
A conclusão, apresentada na manhã desta quinta-feira, 6, na sede do órgão, é a mesma à qual chegou o Departamento de Polícia Técnica (DPT), em laudo apresentado no último dia 23.
Nos dois casos, a Construtora Segura, responsável pela obra, é acusada de não ter realizado corretamente a manutenção do equipamento. A suposta negligência teria feito com que peças como o eixo, que se rompeu por "fadiga", e o excêntrico, parte do sistema do freio de emergência que não funcionou por "desgaste", falhassem, propiciando o desastre.
O relatório foi encaminhado à Polícia Civil e ao Ministério Público e deve fornecer mais subsídios para a acusação contra o proprietário da construtora, Manoel Segura Martinez. De acordo com a delegada Jussara Souza, da 16ª Delegacia (Pituba), à frente do inquérito, ele será indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar), por causa dos problemas encontrados no equipamento.
A construtora nega que tenha havido negligência ou imprudência na manutenção do elevador, afirmando que o equipamento "funcionava dentro das normas técnicas, de segurança e manutenção" e que "a obra era fiscalizada pelas autoridades competentes, sendo executada em observância das normas de segurança vigentes".

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Explosão de carros importados no Mercado....


As estatísticas mostram que atualmente existe um carro na China para cada 35 chineses. Apesar de ainda estarem longe do Brasil, em que a média é de um carro para cada 8 brasileiros, e principalmente dos EUA, onde há quase um carro para cada cidadão americano, o que acontecerá com o Mundo quando cada família chinesa tiver o seu carro?
Com o Mundo ainda é difícil prever com precisão, mas é certo afirmar sobre os efeitos na própria China, onde o tráfego e a poluição serão absolutamente insustentáveis. Basta lembrar dos recentes Jogos Olímpicos de Pequim, há dois anos atrás, quando a população local foi obrigada pelo governo a manter seus carros nas garagens para que a qualidade do ar da cidade não assustasse os visitantes.
Mesmo perante este tipo de situação o governo chinês não cogita tirar o pé do acelerador, explorando ao máximo o notório potencial do país, custe o que custar. Chega-se a acreditar que num futuro próximo, se a meta chinesa for ao menos parcialmente cumprida, a frota de veículos chinesa beirará os 300 milhões de veículos, número assustador se comparado aos 38 milhões atuais e ainda superior ao da já alarmante frota norte-americana de 230 milhões de veículos.
Se não bastasse a quantidade, os chineses pecam igualmente pela qualidade de seus produtos de ciclo de vida conhecidamente reduzidos, ao exemplo das canetas que de lá importamos a R$0,15 e não hesitamos em descartar no primeiro momento em que começam a falhar. O que farão os chineses quando carros ficarem velhos?  Produzirão o maior volume de sucata da história da humanidade, alé,dos bilhões de litros de óleos lubrificantes irão queimar hidrocarbonetos em uma velocidade incrível.
Consome-se, hoje no mundo, mais de 30 bilhões de barris de petróleo por ano, num planeta onde as reservas são sabidamente decrescentes. Perante um aumento potencialmente tão expressivo da frota mundial, até que nível isto iria elevar o consumo? Quanto custará o litro da gasolina mantendo-se a lei da oferta e da procura? Poderíamos supor que as cotações nunca mais voltassem aos dois dígitos e ficaríamos muito contentes se não fossem além dos US$ 200,00 o barril. Quando isto ocorrer certamente iremos buscar uma maior eficiência energética e também o uso racional do automóvel. Caso contrário, a combustão de hidrocarbonetos e a demanda por parques de refino cada vez maiores, como já ocorre na China, tornarão mais caótica ainda a poluição atmosférica, até porque os automóveis chineses serão muito mais atrativos pelo seu baixo preço do que por sua eficiência energética e/ou ambiental.
Obviamente, os carros chineses não serão um problema apenas dentro da China. Como tudo que lá se produz lá para o mercado local, os carros chineses também serão exportados em larga escala. Seria bastante razoável prever que, à altura em que andassem em seus 300 milhões de carros, os chineses já houvessem exportado cerca de outros 300 milhões para o resto do mundo, até porque isto irá ocorrer a um preço extremamente competitivo, totalizando o incrível número de 600 milhões de veículos chineses então presentes no planeta, isto será equivalente a toda atual frota mundial atual.
Em 2009, a China chegou ao primeiro lugar do Ranking dos Países Exportadores, ultrapassando a Alemanha. Dito isto, nada mais justo que cada um dos 1,5 bilhões dos chineses pretenda elevar sua renda e seu nível de consumo. Contudo, preocupa-se sobre onde encontraremos tantos recursos naturais para suportar tal crescimento? Qual será o destino de tantos resíduos? Esperamos encontrar essas respostas o mais rápido possível, ou nunca precisar encontrá-las.
Mauro Kahn - Leia muitos outros  artigos deste autor publicados no site www.artigonal.com.br
* Publicação e divulgação integral deste artigo estão autorizadas desde que sejam preservados os créditos de autoria e mantido inalterado o conteúdo, com indicação do site www.clubebedopetroleo.com.br


sábado, 1 de outubro de 2011

Trabalho de qualidade para todos(as)!

 

O que é Trabalho Decente ?


O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho (em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho e seu seguimento adotada em 1998: (i) liberdade sindical  e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; (ii)eliminação de todas as formas de trabalho forçado; (iii) abolição efetiva do trabalho infantil; (iv) eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação), a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social.
Além da promoção permanente das Normas Internacionais do Trabalho, do emprego, da melhoria das condições de trabalho e da ampliação da proteção social, a atuação da OIT no Brasil tem se caracterizado, no período recente, pelo apoio ao esforço nacional de promoção do trabalho decente em áreas tão importantes como o combate ao trabalho forçado, ao trabalho infantil e ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e comercial, à promoção da igualdade de oportunidades e tratamento de gênero e raça no trabalho e à promoção de trabalho decente para os jovens, entre outras.
Em maio de 2006, o Brasil lançou a Agenda Nacional de Trabalho Decente (ANTD), em atenção ao Memorando de Entendimento para a promoção de uma agenda de trabalho decente no país, assinado pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,  e pelo Diretor-Geral da OIT, Juan Somavia, em junho de 2003. A Agenda define três prioridades: a geração de mais e melhores empregos, com igualdade de oportunidades e de tratamento; a erradicação do trabalho escravo e eliminação do trabalho infantil, em especial em suas piores formas; e o fortalecimento dos atores tripartites e do diálogo social como um instrumento de governabilidade democrática. As organizações de empregadores e de trabalhadores devem ser consultadas permanentemente durante o processo de implementação da Agenda.
O Brasil é pioneiro no estabelecimento de agendas subnacionais de Trabalho Decente. O Estado da Bahia lançou sua agenda em dezembro de 2007 e o Estado de Mato Grosso realizou em abril de 2009, a sua Conferência Estadual pelo Trabalho Decente, com o mesmo objetivo.
O caminho que levou à convocação deste processo de consulta nacional teve seu início em junho de 2003, quando o Diretor-Geral da OIT e o Presidente do Brasil assinaram um Memorando de Entendimento que previa o estabelecimento de um programa especial de cooperação técnica para a promoção de uma Agenda Nacional de Trabalho Decente (ANTD) no Brasil, em consulta com as organizações de empregadores e de trabalhadores.

Entre 2003 e 2010, diversas instâncias consultivas e deliberativas sobre o tema foram constituídas, tendo sido possível construir consensos importantes no campo da promoção do trabalho decente no país.  
Em maio de 2006, a ANTD foi lançada em Brasília pelo Ministro do Trabalho e Emprego (MTE) por ocasião da XVI Reunião Regional Americana da OIT, durante a qual também foi lançada, pelo Diretor Geral da OIT, a Agenda Hemisférica do Trabalho Decente (AHTD). Com o objetivo de contribuir à erradicação da pobreza e à redução das desigualdades sociais, a ANTD se estrutura em torno a três prioridades: (i) a geração de mais e melhores empregos, com igualdade de oportunidade e de tratamento; (ii) a erradicação do trabalho escravo e do trabalho infantil, em especial, em suas piores formas; e, (iii) o fortalecimento dos atores tripartites e do diálogo social como instrumento de governabilidade democrática. Elaborada por um grupo de trabalho interministerial coordenado pelo MTE, com assistência técnica permanente da OIT, e submetida à consulta no âmbito da Comissão Tripartite de Relações Internacionais (CTRI), a ANTD estabelece resultados esperados e linhas de ação para cada uma das prioridades definidas.
O processo de implementação da ANTD ganhou novo impulso no final de 2007, com a constituição de um Grupo Técnico Tripartite (GTT) de consulta e monitoramento.  Também se avançou, nesse período, na discussão sobre os indicadores para monitorar os avanços nas diversas dimensões do trabalho decente e na experiência pioneira de elaboração de agendas estaduais  (Bahia, Mato Grosso) e intermunicipais (região do ABC Paulista) de trabalho decente.
O passo seguinte foi a elaboração do Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente (PNETD), a partir de uma proposta construída por um grupo interministerial mais amplo que o anterior, também coordenado pelo MTE e com a assistência técnica da OIT. No dia 4 de junho de 2009 foi formalizado, por Decreto Presidencial, o Comitê Executivo Interministerial encarregado da elaboração do PNETD, concebido como um instrumento de implementação da ANTD.
Durante 2009, o PNETD foi intensamente discutido por diversas áreas do Governo Federal e pelo Grupo de Trabalho Tripartite (GTT), em um importante processo de diálogo social. Como resultado, foi construído um consenso tripartite em torno às prioridades e resultados do PNETD, referendado por um documento firmado por representantes de governo, empregadores e trabalhadores durante a 98ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (junho de 2009). Na ocasião, uma Declaração Conjunta assinada pelo Presidente Lula e pelo  Diretor Geral da OIT  reafirmou o compromisso entre o Governo brasileiro e a OIT em relação  ao tema
O mesmo Decreto que criou o Comitê Interministerial instituiu o Subcomitê da Juventude, com o objetivo de elaborar uma Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude (ANTDJ). Esse objetivo foi cumprido durante o ano de 2010, através de um amplo e produtivo processo de diálogo tripartite. A ANTDJ se organiza em torno a quatro prioridades: (i) mais e melhor educação; (ii) conciliação entre estudos, trabalho e vida familiar;(iii) inserção digna e ativa no mundo do trabalho; (iv) diálogo social.
Fonte:Site da OIT no Brasil

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Poder para os trabalhadores(as) do ABC...

Ato no Sindicato apresenta anteprojeto de negociação coletiva
 
O Sindicato apresentará nesta sexta (30) ao governo o anteprojeto de lei Acordo Coletivo de Trabalho com Propósito Específico, batizado de ACE. Ele será entregue ao ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, e mostrado oficialmente à categoria.
O Acordo Coletivo de Trabalho com Propósito Específico – ACE tem por objetivo fortalecer a representação sindical no local de trabalho, valorizar e dar segurança jurídica à negociação coletiva e, dessa forma, modernizar as relações de trabalho. Ele é resultado de três anos de estudos e debates e da experiência de 30 anos de organização sindical nas fábricas.
“Tudo começou do desejo de estimular o País a adotar a negociação coletiva como instrumento mais moderno para a solução dos conflitos trabalhistas. A negociação é condição fundamental para a democratização das relações de trabalho”, afirma Sérgio Nobre, presidente do Sindicato.
Para ele, a grande virtude do anteprojeto é ter nascido de baixo, propondo a adesão voluntária de sindicatos e empresas. Sérgio destaca que a construção da proposta contou com a ajuda de juízes do trabalho, professores universitários, economistas, dirigentes de centrais sindicais, parlamentares, Ministério do Trabalho e representantes de entidades patronais.
O Sindicato quer agora que o governo federal transforme o anteprojeto em Projeto de Lei do Executivo e o remeta para votação na Câmara de Deputados e no Senado.
Além de Carvalho, também participarão do evento o presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia, líderes partidários no Congresso, prefeitos, parlamentares, dirigentes sindicais, juristas, professores universitários e representantes de empresas da região.
O ato será na Sede do Sindicato, a partir das 18h, logo após a
Todos estão convidados.
1 - O que é o anteprojetoUm conjunto de regras para a negociação encontrar a melhor forma da aplicação de um direito à determinada realidade. Ele não permite a precarização de direitos e dá segurança jurídica aos ACEs
2 - Exemplos de possibilidades de acordos especiais• Adequação do intervalo de almoço em troca de folgas aos sábados ou redução da jornada.
• Ponto eletrônico.
• Substituição do tempo de amamentação de dois períodos diários de meia hora até a criança completar seis meses, como está na lei, por uma licença corrida.
• Adequações de jornadas com compensações salariais e garantia de emprego.
• Formas e funcionamento de representações sindicais. 
3 - Requisitos para negociarO Sindicato deve ser habilitado pelo Ministério do Trabalho para negociar um ACE. Para ser habilitado é necessário que tenha Comitê Sindical instalado na empresa.
A empresa não poderá ter pendências judiciais por prática anti sindical. 
4 - Requisitos para o ACEAo menos 50% e mais um dos trabalhadores devem ser sindicalizados naquela empresa. A votação será secreta e aprovada por 60% dos trabalhadores envolvidos.
Anteprojeto democratiza e avança na prática sindical• Automia – aperfeiçoa os mecanismos de negociação ao reconhecer o direito de sindicatos organizados e de empresas resolverem parte de suas demandas no próprio local de trabalho. 
• É voluntário – se aprovado como lei, o anteprojeto não obrigará as partes negociarem. 
• Representatividade e democracia – a negociação só acontecerá se houver reconhecimento do Comitê Sindical, trabalhadores sindicalizados e aprovação por maioria. 
 • Segurança – o anteprojeto quer garantir a validade de acordos para a aplicação de direitos conforme a realidade da empresa e a vontade dos trabalhadores – e nunca a flexibilização ou eliminação de direitos.

domingo, 25 de setembro de 2011

Terceirização,aqui não....


Para baratear os custos com mão-de-obra, o expediente utilizado pela empresa de telefonia tornou-se comum no mercado de trabalho, e por conseqüência os salários e condições pioraram. O que muitas empresas ainda não se deram conta, porém, é que judicialmente elas podem ser responsabilizadas pelas más condições de trabalho oferecidas pelas empresas que lhes prestam serviços. Dessa forma, o que é barato pode sair caro.
Para explicar como a Justiça do Trabalho trata esse tipo de relação de emprego, a Repórter Brasil entrevistou o presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), José Nilton Pandelot, que explicou a diferença entre os diversos tipo de terceirização e alertou sobre a precarização das condições de trabalho.
Repórter Brasil - A terceirização tem crescido muito e várias pessoas já a apontam como um caminho sem volta. A fiscalização do trabalho e a Justiça do Trabalho estão preparadas para conter esse processo de precarização das relações do trabalho que surgirá junto com a terceirização?
José Nilton Pandelot - Eu diria que a terceirização não é o futuro e sim a desgraça das relações de trabalho. Porque essa terceirização se estabelece na forma de precarização. Ela se desvia da sua finalidade principal. Não é para garantir a eficiência da empresa. É para reduzir o custo da mão-de-obra. Se ela é precarizadora, vai determinar uma redução da renda do trabalhador, vai diminuir o fomento à economia, diminuir a circulação de bens, porque vai reduzir o dinheiro injetado no mercado. Há um equívoco muito grande quando se pensa que a redução do valor da mão-de-obra beneficia de algum modo a economia. Quem compra, quem movimenta a economia são os trabalhadores. Eles têm que estar empregados e ganhar bem para os bens circularem no mercado. Pode não ser evitável, mas se continuar dessa forma, com uma terceirização que serve para a redução e a precarização da mão-de-obra, haverá um grande prejuízo à cidadania brasileira e à sociedade de um modo geral.
A Justiça do Trabalho está estruturada para coibir, mas temos que entender que o judiciário só age provocado. O ordenamento jurídico fornece um instituto importante para o controle dessas terceirizações fraudulentas, que é a ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho. A vantagem da ação civil pública é que ela, de uma só vez, pode alcançar toda a terceirização de uma determinada empresa, ou talvez até de determinado setor da economia nacional. Enquanto a ação individual resolve o problema de um trabalhador, a ação coletiva resolve o problema de toda uma categoria.
A legislação brasileira é clara na regulamentação da terceirização?Sim. A legislação estabelece que o trabalho pessoal prestado ao empregador, de forma remunerada e não eventual, deve se dar na forma de contrato com a carteira de trabalho anotada. Excepcionalmente, existem algumas leis que permitem a terceirização de atividades "meio", ou seja, as atividades que não sejam a principal da empresa, como o serviço de vigilância ou o serviço de limpeza, feitos por trabalhadores fornecidos por empresas terceirizadas. E na hipótese de trabalho temporário, a lei é bem precisa: são casos extraordinários de aumento de atividades, de substituição de pessoal ou até a contratação de serviço especializado.
O que acontece, no entanto, é a utilização indiscriminada da terceirização na atividade privada. Existem empresas que terceirizam até mesmo seções inteiras de sua produção, fenômeno que começou na indústria automobilística na década de 80. Hoje, se tem o terceiro que produz o pneu, o terceiro que produz a roda, o terceiro que faz a pintura, um outro que entrega o motor, e assim sucessivamente. O resultado desse processo, nesses mais de 20 anos, acaba resultando em uma ampla transferência da mão-de-obra direta empregada para empresas terceirizadas. Hoje nós temos mais trabalhadores terceirizados do que trabalhadores empregados.
Então houve um desvirtuamento da terceirização?
A terceirização foi idealizada para dar mais eficiência à produção. Todavia, o empresário brasileiro se utilizou dela para reduzir o custo da mão-de-obra. Então é natural, infelizmente, que os trabalhadores tenham uma redução drástica em seus salários pelo fato de terem ido trabalhar em empresas terceirizadas. Existem fraudes terríveis. Por exemplo, temos histórico de empresas que dispensavam todos os seus empregados, orientando que eles fossem contratados por uma empresa terceirizada. Aí a empresa principal contratou os serviços dessa empresa terceirizada.
Muitas vezes, quando há a terceirização, os empregados dessa empresa terceirizada não recebem os benefícios do acordo coletivo daquela categoria. Ele deixa de pertencer àquela categoria. Os bancários, por exemplo. Houve um fenômeno da "bancarização" - serviços bancários prestados por lotéricas, supermercados, em lojas de shoppings centers. E esses trabalhadores, que praticamente exercem uma atividade de bancário, não recebem os benefícios porventura estabelecidos nas convenções coletivas de bancários. Isso é um fenômeno que está disseminado no mercado de trabalho brasileiro e traz prejuízo para o empregado.
Por fim, há outra forma de trabalho mais precarizado ainda que existe para evitar a aplicação da própria legislação trabalhista, que é o caso da contratação de empregados no modelo de cooperativa, ou então a exigência de que os empregados se constituam como pessoa jurídica.
A empresa que terceiriza pode ser responsabilizada por eventuais relações perversas de trabalho entre a empresa terceirizada e os empregados dela?Nos casos de simulação de cooperativa, de pessoa jurídica para impedir a aplicação da legislação, o trabalhador pode ir à Justiça do Trabalho postular a existência do vínculo de emprego diretamente com a tomadora do serviço. Essa empresa que tomou o serviço será obrigada a anotar a carteira de trabalho e a pagar todos os direitos do trabalhador.
No caso da terceirização ilícita, como a empresa que terceiriza a atividade fim (a empresa que faz papel, por exemplo, contrata uma terceira empresa para fazer a mesma atividade, pagando um menor salário e dizendo que os trabalhadores não são os trabalhadores da indústria gráfica), o juiz também pode reconhecer o vínculo de emprego diretamente com a tomadora. Manda-se anotar em carteira com a tomadora de serviço e pagar todos os direitos do empregado.
Há casos de problemas com a terceirização dentro da lei, que é a atividade-meio, principalmente aquela vinculada à vigilância e à limpeza, serviços especializados ou contratos temporários para alguma atividade extraordinária. Neste caso, a jurisprudência da Justiça do Trabalho tem reconhecido que a tomadora do serviço tem responsabilidade de segundo grau. Ela se reponsabiliza em segundo lugar pelos créditos trabalhistas porventura reconhecidos na Justiça do Trabalho. Então o trabalhador entra na justiça contra a empresa terceirizada, que é a prestadora de serviços e empregadora de fato dele, e também contra a empresa tomadora de serviços, que é a empresa terceirizante. Ele pede o crédito dele e, caso a empregadora direta não tenha patrimônio suficiente para quitar, a empresa principal responde por esse débito.
Há tempo que se exige uma reforma trabalhista para "modernizar" as relações de trabalho. Na hipótese dessa reforma, o que seria importante observar quanto à terceirização?
Primeiro, vou denunciar o governo federal na expressão "modernização da legislação de trabalho". O governo está apenas aplicando a palavra modernização em substituição à palavra flexibilização. Porque flexibilizar significa precarizar, reduzir direitos dos trabalhadores. Como é uma palavra que ficou estigmatizada (e o processo flexibilizante foi duramente combatido nos oito anos de governo Fernando Henrique e também foi duramente criticado no governo Lula) surge o governo agora com essa palavra "modernização da legislação trabalhista". Eu não sei o que isso seignifica. Gostaria de compreender o que o governo pretende com a dita modernização da legislação trabalhista. A Anamatra não vai aceitar do governo federal nenhuma proposta que reduza ou elimine os direitos já existentes e reconhecidamente consquistados pelo trabalhador brasileiro, que estão na legislação intra-constitucional e na própria Constituição brasileira. Se modernizar significa eliminar direitos, a Anamatra é contra.
Então não há nada a ser mudado na legislação com relação à terceirização?
Não vejo como modernizar a terceirização. Principalmente essa terceirização que está na moda, que serve para reduzir o salário nominal do trabalhador, para fazer com que esse trabalhador deixe de ser protegido por normas previstas em convenções e acordos coletivos de trabalho. Essa proposta nós estamos descartando.