quinta-feira, 23 de junho de 2011

Direitos sindicais ameaçados....


                                                  Fonte:abcdmaior                


Encerrada no último dia 17, a centésima conferência da OIT (Organização Internacional do Trabalho) teve como tema principal o debate sobre o trabalho decente no mundo. Entre os outros assuntos discutidos desde o dia primeiro, destacaram-se as análises sobre os impactos da globalização em alguns de seus principais aspectos, além dos direitos à livre organização dos trabalhadores(as).No evento, a CSI (Confederação Sindical Internacional - que representa 175 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em 151 países) apresentou os resultados de uma pesquisa anual sobre violação dos direitos sindicais no mundo. O estudo englobou 143 países e chegou a resultados nada animadores.Em pleno século XXI, na Era da internet, da sustentabilidade, da Responsabilidade Social Corporativa entre outras conquistas, muitos empregadores ainda agem como se fossem donos de escravos ou vivessem os primórdios da Revolução Industrial. Esse cenário é extremamente comprometedor para o desenvolvimento da livre organização dos trabalhadores na busca da defesa de seus direitos mais básicos como o trabalho decente, o fim do trabalho escravo e infantil, o salário justo e a garantia de condições mínimas.Entre vários outros dados, a pesquisa revelou que em 2010:
  • 90 sindicalistas foram assassinados, 49 somente na Colômbia;
  • Outras 75 ameaças de morte e ao menos 2.500 prisões;
  • Ao menos 5 mil demissões de dirigentes sindicais por conta de suas atividades;
Resumidamente, as investigações finais nos continentes mostram os seguintes números, todas referentes a dirigentes sindicais:


Américas
  • 75 assassinatos;
  • 24 tentativas de assassinatos;
  • 12 ameaças de morte;
  • 143 prisões;
  • 1057 agressões físicas e
  • 325 demissões
Europa
  • 03 ameaças de morte;
  • 04 encarceramentos;
  • 273 prisões;
  • 08 agressões físicas e
  • 542 demissões
Ásia e Pacífico
  • 11 assassinatos;
  • 02 tentativas de assassinatos;
  • 11 ameças de morte;
  • 07 encarceramentos;
  • 896 prisões;
  • 926 agressõe físicas e
  • 2.613 demissões
África
  • 03 assassinatos;
  • 39 ameaças de morte;
  • 189 encarceramentos;
  • 561 prisões;
  • 90 agressões físicas e
  • 1.008 demissões
Sublinhamos ainda que os dados são baseados naquilo que pode ser registrado. Certamente o número real é maior, mas se não houve a devida anotação, passa desapercebido.Outro dado importante está no fato de que os autores das graves violações não são somente empresas privadas, mas também governos.Infelizmente a pesquisa completa não está disponível em português. Os idiomas disponíveis são: inglês, alemão, francês e espanhol. Entretanto, quem desejar um maior aprofundamento.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Juventude na veia,hoje e sempre!


Fonte:Carta Maior

Entre tantas frases estimulantes e provocadoras que as rebeliões populares no mundo árabe e agora na Europa, essencialmente protagonizada por jovens, fizeram ecoar pelo mundo afora, a que mais nos incomoda – com toda razão – é aquela que diz:
“E quando os jovens saíram às ruas, todos os partidos pareceram velhos.”
Aí nos demos conta – se ainda não tínhamos nos dado – da imensa ausência da juventude na vida política brasileira. O fenômeno é ainda mais contrastante, porque temos governos com enorme apoio popular, que indiscutivelmente tornaram o Brasil um país melhor, menos injusto, elevaram nossa auto estima, resgataram o papel da política e do Estado.

Mas e os jovens nisso tudo? Onde estão? O que pensam do governo Lula e da sua indiscutível liderança? Por que se situaram muito mais com a Marina no primeiro turno do que com a Dilma (mesmo se tivessem votado, em grande medida, nesta no segundo turno, em parte por medo do retrocesso que significava o Serra)?

A idade considerada de juventude é caracterizada pela disponibilidade para os sonhos, as utopias, a rejeição do velho mundo, dos clichês, dos comportamentos vinculados à corrupção, da defesa mesquinha dos pequenos interesses privados. No Brasil tivemos a geração da resistência à ditadura e aquela da transição democrática, seguida pela que resistiu ao neoliberalismo dos anos 90 e que encontrou nos ideais do Fórum Social Mundial de construção do “outro mundo possível” seu espaço privilegiado.

Desde então dois movimentos concorreram para seu esgotamento: o FSM foi se esvaziando, controlado pelas ONGs, que se negaram à construção de alternativas, enquanto governos latino-americanos se puseram concretamente na construção de alternativas ao neoliberalismo; e os partidos de esquerda - incluídos os protagonistas destas novas alternativas na América Latina -, envelheceram, desgastaram suas imagens no tradicional jogo parlamentar e governamental, não souberam renovar-se e hoje estão totalmente distanciados da juventude.

Quando alguém desses partidos tradicionais – mesmo os de esquerda – falam de “politicas para a juventude”, mencionam escolas técnicas, possibilidades de emprego e outras medidas de caráter econômico-social, de cunho objetivo, sem se dar conta que jovem é subjetividade, é sonho, é desafio de assaltar o céu, de construir sociedades de liberdade, de luta pela emancipação de todos.

O governo brasileiro não aquilata os danos que causam a sua imagem diante dos jovens, episódios como a tolerância com a promiscuidade entre interesses privados e públicos de Palocci, ou ter e manter uma ministra da Cultura que, literalmente, odeia a internet, e corta assim qualquer possibilidade de diálogo com a juventude – além de todos os retrocessos nas políticas culturais, que tinham aberto canais concretos de trabalho com a juventude. Não aquilata como a falta de discurso e de diálogo com os jovens distancia o governo das novas gerações. (Com quantos grupos de pessoas da sociedade a Dilma já se reuniu e não se conhece grandes encontros com jovens, por exemplo?)

Perdendo conexão com os jovens, os partidos envelhecem, perdem importância, se burocratizam, buscam a população apenas nos processos eleitorais, perdem dinamismo, criatividade e capacidade de mobilização. E o governo se limita a medidas de caráter econômico e social – que beneficiam também aos jovens, mas nãos os tocam na sua especificidade de jovens. Até pouco tempo, as rádios comunitárias – uma das formas locais de expressão dos jovens das comunidades – não somente não eram incentivadas e apoiadas, como eram – e em parte ainda são – reprimidas.

A presença dos jovens na vida publica está em outro lugar, a que nem os partidos nem o governo chegam: as redes alternativas da internet, que convocaram as marchas da liberdade, da luta pelo direito das “pessoas diferenciadas” em Higienópolis, em São Paulo, nas mobilizações contra as distintas expressões da homofobia, e em tantas outras manifestações, que passam longe dos canais tradicionais dos partidos e do governo.

Mesmo um governo popular como o do Lula não conseguiu convocar idealmente a juventude para a construção do “outro mundo possível”. Um dos seus méritos foi o realismo, o pragmatismo com que conseguiu partir da herança recebida e avançar na construção de alternativas de politica social, de politica externa, de politicas sociais e outras. Os jovens, consultados, provavelmente estarão a favor dessas politicas.

Mas as mentes e os corações dos jovens estão prioritariamente em outros lugares: nas questões ecológicas (em que, mais além de ter razão ou não, o governo tem sistematicamente perdido o debate de idéias na opinião pública), nas liberdades de exercício da diversidade sexual, nas marchas da liberdade, na liberdade de expressão na internet, na descriminalização das drogas leves, nos temas culturais, entre outros temas, que estão longe das prioridades governamentais e partidárias.

Este governo e os partidos populares ainda tem uma oportunidade de retomar diálogos com os jovens, mas para isso tem assumir como prioritários temas como os ecológicos, os culturais, os das redes alternativas, os da libertação nos comportamentos – sexuais, de drogas, entre outros. Tem que se livrar dos estilos não transparentes de comportamento, não podem conciliar nem um minuto com atitudes que violam a ética publica, tem que falar aos jovens, mas acima de tudo ouvi-los, deixá-los falar. Com a consciência de que eles são o futuro do Brasil. Construiremos esse futuro com eles ou será um futuro triste, cinzento, sem a alegria e os sonhos da juventude brasileira.

Postado por Emir Sader às 05:06