José Alencar, ex-vice-presidente da República, morreu às 14h41 desta terça-feira (29), no Hospital Sírio-Libanês, na capital Paulista. Ele estava internado desde segunda-feira (28), quando apresentou quadro de oclusão intestinal e peritonite – entupimento e perfuração da parede do intestino – no que se mostrou o último capítulo de uma luta contra tumores na região abdominal iniciada em 1997.
O velório será realizado no Palácio do Planalto e o enterro em Belo Horizonte (MG). O corpo deve partir a Brasília (DF) às 6h30 desta quarta-feira (30). Por sete dias, o Brasil estará em luto oficial, segundo divulgou a Presidência da República. Ele tinha 79 anos e estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Desde a manhã desta terça, a equipe médica havia deixado claro que não havia novo tratamento para o quadro de Alencar. Por isso, ele foi sedado com analgésicos para não sofrer.
A carreira política do empresário nascido em Muriaé, na Zona da Mata de Minas Gerais, começou aos 14 anos. O ponto alto da carreira foi a formação da Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), ainda sob o controle de sua família. Ele é considerado uma das grandes referências entre os empresários do estado.
Alencar foi presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) de 1989 a 1995, e candidatou-se ao governo de Minas em 1994. Foi senador e ministro da Defesa, cargo que acumulou com a vice-presidência.
Os primeiros tumores foram encontrados no rim, espalhando-se para a próstata, bexiga e intestino. Foram pelo menos 15 procedimentos cirúrgicos no período, incluindo boa parte dos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva. A sequência mais complexa ocorreu em 2009, quando a intervenção durou 17 horas seguidas. No fim do ano passado, perto da sucessão presidencial, Alencar passou por recorrentes internações e interrupções de tratamentos de quimioterapia. Por isso, não pode participar da cerimônia de posse de Dilma Rousseff.
Como vice-presidente, manteve-se atuante como vice, apesar da luta contra a doença. Além de assumir o cargo durante viagens presidenciais, Alencar opinava sobre a política do país. Especialmente no primeiro mandato, o destaque eram as críticas a temas econômicos, como a taxa de juros elevada. Ele mantinha ainda o bom humor nos últimos anos de vida.
No último evento público, quando recebeu uma homenagem em São Paulo, no dia 25 de janeiro, data do aniversário da cidade, Alencar chegou a esboçar um pronunciamento. "Se eu morrer agora, é um privilégio para mim, que a situação está tão boa, que não tem como melhorá-la", disse.
Ele reconhecia que não estava bem, mas dizia não poder se queixar. "Estou lutando para não morrer e estamos vencendo com a força de Deus. E seja qual for o resultado, será uma vitória nossa. O que ele fizer é o que está certo", disse, à ocasião.
Como a presidenta Dilma Rousseff está em viagem a Portugal, o primeiro a se manifestar no Planalto foi o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República. "Ele deu tantos bailes nos médicos que a gente achava que ele poderia ainda aguentar mais um pouco no meio de nós. Foi o equilíbrio dele, a amizade dele que nos confortou nas horas mais difíceis", afirmou o ministro, que no governo Lula foi chefe de gabinete da Presidência.
O Palácio do Planalto foi o lugar escolhido para o velório de Alencar, que deve ter início na manhã de quarta-feira (30). A definição foi feita em conversa telefônica entre a presidenta Dilma Rousseff e Josué, filho do político mineiro, e a cerimônia na capital federal será aberta ao público.
Fonte:Rede Brasil Atual
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